Órfãos de Mãe ÓRFÃOS DE MÃE-pages-3-51 | Page 6

APRESENTAÇÃO Eu não sou mãe, acho que nem estou preparada para isso. Na ver- dade, acredito que nenhuma mulher esteja pronta até o momento em que vê pela primeira vez o rosto do filho. Entretanto, durante o processo e produção deste livro, tive a chance de conhecer muitas histórias que des- mistificam a maternidade linda e maravilhosa idealizada pela mídia. Por esse motivo, hoje, posso dizer que ser mãe não é só dar o dom da vida. Mãe, três letras e um significado infinito. Ela não cai do céu, nem começa aexistir quando o filho nasce. Mãe é aquela que deixa de comer para alimentar o filho, é quem envolve o bebê no colo e o acalma com o som da sua voz doce e suave. Mãe é a pessoa que abre mão da própria vida e de si mesma para viver para a sua cria. É quem principalmente fica como eterna referência de vida. Contudo, percebi que existem mulheres que não nasceram com a aptidão para ser mãe. Aliás, isso vai além de talento, é necessário reconhe- cer as dificuldades encontradas na maternidade. Não deve ser fácil abrir mão de tudo para ser referência para pequenos indivíduos em formação. Por isso, após os dias e noites escrevendo este livro, compreendi que mui- tos são os fatores que levam uma mãe a abandonar o seu filho. No entanto, não posso deixar de lado a dor de quem cresceu com o sentimento de rejeição, além de uma mágoa que machuca até sangrar. Compreender o abandono materno não é algo fácil, mas se colocar no lugar do outro é crucial.Apesar de ser um tema complexo, tive a percepção de que a vida é feita de recomeços, como uma árvore que em determina- dos períodos do ano perde a folhagem, mas torna-se florida, novamente na primavera. Nas páginas a seguir, convido-lhe a conhecer seis histórias de indi- víduos que passaram pela situação de abandono materno. Todavia, apesar de todo sofrimento, essas pessoas não se deixaram abater ou se fizeram de vítimas. As mesmas são exemplos de que o perdão é o melhor remédio mesmo quando não houve um pedido de desculpas. Cada capítulo apre- senta um sujeito que foi abandonado afetivamente por sua progenitora, mas conseguiu reconstruir aquela que é a primeira instituição de indivíduo: a família. 1