APRESENTAÇÃO
Eu não sou mãe, acho que nem estou preparada para isso. Na ver-
dade, acredito que nenhuma mulher esteja pronta até o momento em que
vê pela primeira vez o rosto do filho. Entretanto, durante o processo e
produção deste livro, tive a chance de conhecer muitas histórias que des-
mistificam a maternidade linda e maravilhosa idealizada pela mídia. Por
esse motivo, hoje, posso dizer que ser mãe não é só dar o dom da vida.
Mãe, três letras e um significado infinito. Ela não cai do céu, nem
começa aexistir quando o filho nasce. Mãe é aquela que deixa de comer
para alimentar o filho, é quem envolve o bebê no colo e o acalma com o
som da sua voz doce e suave. Mãe é a pessoa que abre mão da própria vida
e de si mesma para viver para a sua cria. É quem principalmente fica como
eterna referência de vida.
Contudo, percebi que existem mulheres que não nasceram com a
aptidão para ser mãe. Aliás, isso vai além de talento, é necessário reconhe-
cer as dificuldades encontradas na maternidade. Não deve ser fácil abrir
mão de tudo para ser referência para pequenos indivíduos em formação.
Por isso, após os dias e noites escrevendo este livro, compreendi que mui-
tos são os fatores que levam uma mãe a abandonar o seu filho.
No entanto, não posso deixar de lado a dor de quem cresceu com
o sentimento de rejeição, além de uma mágoa que machuca até sangrar.
Compreender o abandono materno não é algo fácil, mas se colocar no
lugar do outro é crucial.Apesar de ser um tema complexo, tive a percepção
de que a vida é feita de recomeços, como uma árvore que em determina-
dos períodos do ano perde a folhagem, mas torna-se florida, novamente
na primavera.
Nas páginas a seguir, convido-lhe a conhecer seis histórias de indi-
víduos que passaram pela situação de abandono materno. Todavia, apesar
de todo sofrimento, essas pessoas não se deixaram abater ou se fizeram
de vítimas. As mesmas são exemplos de que o perdão é o melhor remédio
mesmo quando não houve um pedido de desculpas. Cada capítulo apre-
senta um sujeito que foi abandonado afetivamente por sua progenitora,
mas conseguiu reconstruir aquela que é a primeira instituição de indivíduo:
a família.
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