amiga viesse se arrepender, o que não aconteceu.
Apesar de ter doado a Rúbia para a amiga, Maria Cláudia sempre
aparecia na casa de Elizarde. Mas, engana-se quem pensa que era para ver a
filha, ela ia apenas para continuar a amizade, tanto que nunca quis ser cha-
mada de mãe. Rúbia cresceu sabendo de toda a verdade. No entanto, nunca
conseguiu entender o porque daquilo tudo, principalmente o porque Maria
Cláudia ainda frequentava o ambiente onde ela morava com a nova família.
Com o passar dos anos Maria Cláudia já não queria mais ter contato
com filha, nem com a amiga. Tudo não fazia sentido. Tinha uma época que
ela já ia visitar a filha obrigada por Elizarde, que acreditava que em algum
momento a amiga poderia se arrepender e pedir Rúbia de volta. Entre-
tanto, vendo que isso não iria acontecer, a contadora resolveu acabar com
a amizade e proibir a amiga de ver a menina. Na época, a Rúbia já estava
com seis anos e a mãe adotiva já tinha a guarda judicial dela. Apesar de ter
a guarda da filha, Elizarde optou por não trocar os documentos dela, pois
demoraria muito tempo.
REVOLTA
Rúbia foi crescendo e junto dela a revolta. A mesma tinha de tudo,
Elizarde jamais deixou faltar nada tanto para ela quanto para o filho Ricar-
do (nome fictício), que hoje mora na Itália. Mas, apesar de ter uma vida
maravilhosa, Rúbia se tornou uma adolescente conturbada, pois se culpava
por Maria Cláudia ter rejeitado ela ao nascer. Além disso, a menina não en-
tendia o porque a mãe biológica tinha registrado ela, sendo que, ela já tinha
planos de entregá-la para Elizarde.
Ainda que seu coração estivesse confuso e repleto de mágoa e ran-
cor, Rúbia não tinha raiva da família adotiva. Ao contrário, ela compreendia
que não poderia ter uma família melhor do que aquela. Quando perguntei
sobre uma memória de infância, Rúbia relembrou com brilho nos olhos de
quando ia com Elizarde e Ricardo para Linhares, região Norte do Estado.
Rúbia me disse que a mãe adotiva sempre foi muito animada e que do nada
gostava de juntar a família para viajar, curtir praia e as coisas boas que a
natureza tem a oferecer.
Já sobre as lembranças de Maria Cláudia, Rúbia disse que quase não
se lembra de momentos vividos com a mãe biológica. O pouco que lembra
dela é devido as fotos que Elizarde guarda. Mas, cada momento retratado
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