Órfãos de Mãe ÓRFÃOS DE MÃE-pages-3-51 | Page 10

Meu avô mais do que rápido resolveu se mudar também porque ele já não aguentava mais ser chamado de “corno” pelos vizinhos, em Iapu. Na estadia na nova cidade as coisas não melhoraram, a família não conseguia ser feliz de nenhuma maneira e Maria do Amparo não media esforços para fazer a vida de João infeliz porque aquela não era a vida que ela queria. Contudo, as coisas pioraram para a dona de casa, a mesma engravi- dou pela segunda vez, dessa vez de Luzia. Maria do Amparo era tão infeliz que todos os dias ao chegar do trabalho, João tinha que aguentar ela ca- çando briga de alguma forma. Além disso, ele encontrava mamãe sempre muito roxa, pois ela apanhava o dia todo. Ela não gostava nem do marido e nem das filhas, mas de Maria ela tinha mais raiva. A situação era tão crítica e tão caótica que as coisas pioraram, os bo- atos de traição continuaram e, consequentemente, as brigas não cessaram. Maria do Amparo era uma mulher agressiva, além de agredir várias vezes a minha mãe, mesmo tendo apenas dois anos de idade, ela também agredia meu avô. Em um fim de dia João discutiu com a esposa, mas logo pegou Luzia no colo e começou a ninar para que ela pegasse no sono. Aprovei- tando a distração do marido, ainda nervosa Maria do Amparo pegou o óleo quente e jogou nas costas de João sem nem pensar na filha que estava junto ao montador. Devido a tal atitude, os irmãos da moça chamaram a polícia para prendê-la, mas ela passou apenas uma noite na prisão, já que um dos po- lícias mantinham um caso extraconjugal com ela. Maria do Amparo era descontrolada, odiava sua família e não deixava de ter seus casos fora do casamento. Mesmo com tudo isso, dois anos depois de ter sido presa, a mulher engravidou da terceira filha, a Fernanda. Durante todo esse tempo meu avô lutava pelo casamento dele e pela felicidade das filhas, porém, nada satisfazia a esposa. Apesar de ter três filhas, era da filha mais velha, Maria, que a dona de casa mais tinha ódio. Ela sempre odiou a minha mãe, talvez porque fosse a única filha branca e com traços diferentes das outras meninas – esse fato realmente nos leva a pensar que minha mãe seja filha do tal fazendeiro. Ao relatar-me toda a história, mamãe me disse que jamais vai esquecer de um dia que apanhou tanto que chegou a pensar que iria morrer. Era uma tarde de sol quando ela brincava de casinha ao lado de um coqueiro, no quintal de casa, Maria do Amparo ficou incomodada com 5