À beira do precipício pd51 | Page 96

Penha classifica os tipos de violência con­t ra a mulher nas seguin- tes categorias: 1. Violência patrimonial: entendida co­mo qualquer comporta- mento que confi­g ure controle forçado, destruição ou sub­tração de bens materiais, documentos e instrumentos de trabalho, violência se­x ual, violência física, violência moral e vio­lência psicológica. 2. Violência sexual: engloba os atos que forcem ou constran- jam a mulher a pre­senciar, ou continuar ou participar de relações sexuais não desejadas, com intervenção de força física ou ameaça. 3. Violência física: compreendida por maneiras de agir que violam os preceitos, a integridade ou a saúde da mulher. 4. A violência moral: entendida como qualquer conduta que represente calúnia, difamação e/ou injúria. 5. Violência psicológica: entendida co­mo qualquer comporta- mento que cause à mulher um dano emocional, diminuindo sua autoestima, causando constrangimentos e humilhações. Em grande parte das vezes, a violência doméstica e familiar se inicia com a vio­ lência psicológica, que contribui para a perda gradativa de sua autoestima e con­fiança, até chegar ao ponto de perder por completo sua dignidade e ao exagero de acreditar que é merecedora e única responsável por todo o mal que vem sofren­do, se tornando extremamente submissa às vontades de seu agressor, na maioria das vezes seu próprio companheiro, e se submetendo a espancamentos, violência sexual, patrimonial e moral. Com a autoestima degradada, a mulher acaba aceitando toda humilhação como um castigo merecido e se omite, preferin­do o sofrimento a correr o risco de ser jul­gada perante a sociedade. A sociedade por sua vez, tendo intrínse­ca a tradição machista que, por séculos, embasa a cultura no Brasil, também prefe­re se omitir a se expor, afinal foi educada a acreditar que “em briga de marido e mu­lher não se mete a colher”. A Organização Mundial da Saúde (OMS) fez uma pesquisa com 83 países sobre o assassinato de mulheres. Nesse ranking, o Brasil ocupa a 5 a posição, com uma taxa de 4,8 homicídios de mulheres a cada 100 mil, o que leva à con­clusão que a lei por si só não é suficiente para cessar as agressões e outras violên­cias contra a mulher. Este é um indicador que os índices do país são excessivamente elevados (Mapa da Violência, 2015): 94 Mayra Vieira Dias