À beira do precipício pd51 | Page 84

Em relação às mudanças climáticas, desde a década de 1990, com a assinatura do Protocolo de Kyoto, em 1997, a questão das emissões de gases de efeito estufa tornou-se uma questão pública, uma preocupação de toda a sociedade, discutida desde os fóruns internacionais, a exemplo da ONU, passando pelos fóruns nacio- nais e regionais. Evidencia-se uma forte relação entre o efeito estufa, mudanças climáticas e as opções de desenvolvimento de cada sociedade. A matriz energética mundial, que sustentou e sustenta o atual modelo de desenvolvimento, baseado em combustíveis fósseis, é insustentável. A política de preços, a diminuição das reservas dos combustíveis fósseis e o desenvolvimento de novas tecnologias na área de energia e do uso da água, criam as condições para a viabi- lização das chamadas energias renováveis (biomassa, eólica, solar e hidráulica). Estas energias renováveis cumprem, cada vez mais, um papel de destaque na matriz energética brasileira e mundial. Em uma perspectiva otimista, compartilhada por mais de 196 países que ofereceram contribuições nacionais para a mitigação das emissões de gases de efeito estufa, o Acordo de Paris, adotado pela ONU, na Convenção do Clima, em 2015, estabelece como objetivo em 2100, o limite de 2ºC para o aumento médio global de temperatura, relativamente aos níveis pré-industriais, e reco- menda esforços para que este limite não ultrapasse 1,5ºC. A este otimismo da Conferência de Paris, pode-se contrapor o diagnóstico pessimista de outro relatório da própria ONU, reali- zado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, para a Conferência RIO+20, em 2012, no Rio de Janeiro. O relató- rio, de maneira conclusiva, observa que a pressão das atividades humanas no planeta, acumuladas desde a industrialização até os dias atuais, são responsáveis por danos ambientais, muitas vezes irreversíveis aos ecossistemas planetários. Naturalmente, a questão não é de ser mais ou menos otimista. O problema é a realidade. No caso do Brasil, quais são as ações governamentais, empresariais e da sociedade civil em curso e as que devem ser pactuadas no sentido de reverter esta realidade desfavorável rumo a esta sustentabilidade? Uma boa parte da sociedade brasileira vive em condições de extrema pobreza, excluída da vida política, econômica e social. Neste contexto, deve-se trabalhar as sinergias entre as políticas públicas, 82 George Gurgel de Oliveira