Em relação às mudanças climáticas, desde a década de 1990,
com a assinatura do Protocolo de Kyoto, em 1997, a questão das
emissões de gases de efeito estufa tornou-se uma questão pública,
uma preocupação de toda a sociedade, discutida desde os fóruns
internacionais, a exemplo da ONU, passando pelos fóruns nacio-
nais e regionais.
Evidencia-se uma forte relação entre o efeito estufa, mudanças
climáticas e as opções de desenvolvimento de cada sociedade.
A matriz energética mundial, que sustentou e sustenta o atual
modelo de desenvolvimento, baseado em combustíveis fósseis, é
insustentável. A política de preços, a diminuição das reservas dos
combustíveis fósseis e o desenvolvimento de novas tecnologias na
área de energia e do uso da água, criam as condições para a viabi-
lização das chamadas energias renováveis (biomassa, eólica, solar
e hidráulica). Estas energias renováveis cumprem, cada vez mais,
um papel de destaque na matriz energética brasileira e mundial.
Em uma perspectiva otimista, compartilhada por mais de 196
países que ofereceram contribuições nacionais para a mitigação
das emissões de gases de efeito estufa, o Acordo de Paris, adotado
pela ONU, na Convenção do Clima, em 2015, estabelece como
objetivo em 2100, o limite de 2ºC para o aumento médio global de
temperatura, relativamente aos níveis pré-industriais, e reco-
menda esforços para que este limite não ultrapasse 1,5ºC.
A este otimismo da Conferência de Paris, pode-se contrapor o
diagnóstico pessimista de outro relatório da própria ONU, reali-
zado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente,
para a Conferência RIO+20, em 2012, no Rio de Janeiro. O relató-
rio, de maneira conclusiva, observa que a pressão das atividades
humanas no planeta, acumuladas desde a industrialização até os
dias atuais, são responsáveis por danos ambientais, muitas vezes
irreversíveis aos ecossistemas planetários.
Naturalmente, a questão não é de ser mais ou menos otimista.
O problema é a realidade. No caso do Brasil, quais são as ações
governamentais, empresariais e da sociedade civil em curso e as
que devem ser pactuadas no sentido de reverter esta realidade
desfavorável rumo a esta sustentabilidade?
Uma boa parte da sociedade brasileira vive em condições de
extrema pobreza, excluída da vida política, econômica e social. Neste
contexto, deve-se trabalhar as sinergias entre as políticas públicas,
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George Gurgel de Oliveira