À beira do precipício pd51 | Page 81

Por outro lado, como no período colonial, continua exportador de recursos naturais e produtos de baixo valor agregado em larga escala: minérios de ferro, produtos agropecuários, alumínio, papel e celulose, soja e carnes, com consumo gigantesco de água e energia em seus processos produtivos. Portanto, fica evidente a dependência-subordinação da economia brasileira às principais economias mundiais como fornecedora de matérias-primas, água, energia e produtos manufaturados. A economia continua muito dependente do valor das commodities, com uma vulnerabilidade muito grande em relação ao mercado mundial. Nos últimos anos, agravou-se esta situação, com a diminuição do setor industrial na participação do PIB brasileiro. Neste cenário internacional de ameaças e oportunidades, o Brasil pela sua dimensão territorial, pelas riquezas naturais, base técnica e científica que construiu nos últimos anos, aliado ao ativismo da sociedade civil, nas ruas e nas redes, tem jogado um papel relevante na discussão de uma outra perspectiva de desenvolvimento, que se quer sustentável desde a RIO+92. O Brasil tem jogado um papel positivo neste processo. Coloca- se a necessidade de um diálogo permanente entre as forças políti- cas, econômicas e sociais nacionais e internacionais, no sentido de uma nova configuração das organizações multilaterais, incor- porando, efetivamente, o caráter de urgência destas mudanças, a ser realizadas na ONU, no FMI, no Banco Mundial, na OMC, na OIT, no Mercosul, entre outros, para se trabalhar políticas de cooperação internacional de maneira integrada, que avancem para o desenvolvimento e a sustentabilidade mundial e regional. Nos últimos anos, a sociedade brasileira tem se manifestado nas ruas e nas redes sociais de uma maneira muito clara, querendo reformas e um outro tipo de representação política. Vive-se, na conjuntura atual, a sociedade do terror. A realidade do Rio de Janeiro é um sintoma da nossa tragédia. A população quer resultados efetivos para a vida cotidiana, marcada por precárias condições econômicas, sociais e ambientais. Urgências que não podem mais ser postergadas. Deve-se aproveitar a atual crise no Brasil para avançar nas reformas tão necessárias, apostando em um novo pacto político, econômico e social, que ajude a avançar a democracia brasileira rumo a este futuro desejado. Os desafios do desenvolvimento e da sustentabilidade 79