À beira do precipício pd51 | Page 79

Assim, em um contexto de crises econômicas recorrentes do capitalismo, desde a década de 1980; as recentes nos Estados Unidos, em 2008; e a situação econômica e social desfavorável da Comunidade Europeia, ficam a desejar os avanços na perspectiva deste desenvolvimento e desta sustentabilidade. As decisões tomadas desde Estocolmo e as implementadas atualmente, globalmente, são sempre parciais e, muitas vezes adiadas, em favor do desenvolvimento e da sustentabilidade. Constata-se ao contrário, desde os anos de 1980, o avanço de políticas econômicas conservadoras. A prevalência do capital financeiro em relação ao capital produtivo vem vulnerabilizando as conquistas do Estado de Bem-Estar Social, colocando popula- ções e países da Europa, a exemplo da Irlanda, Portugal, Espa- nha e a Grécia, em situação de graves retrocessos políticos, econô- micos e sociais. A situação é mais grave na Ásia, África e América. Estas realidades são muito distintas do que foi e está sendo proposto nos relatórios e agendas das Conferências da ONU, desde a primeira conferência mundial sobre o meio ambiente até à última, que aconteceu no Rio de Janeiro, em 2012, a chamada RIO+20. A conjuntura atual é desfavorável para a implementa- ção destas agendas. A realidade brasileira Em relação à realidade brasileira, os desafios históricos conti- nuam atuais, agregando-se novos desafios para a construção de uma sociedade democrática, com uma outra perspectiva de desen- volvimento, que se quer sustentável. A superação das desigualdades sociais, a construção de uma nova economia de baixo carbono, a preservação do meio ambiente, dos valores culturais e espirituais construídos ao longo da história da sociedade brasileira, são caminhos a ser perseguidos para a construção de uma outra perspectiva de desenvolvimento para o Brasil. Somos uma sociedade com uma das maiores exclusões social e concentração de riquezas do planeta. Nossa população é de um pouco mais de 200 milhões de pessoas, com menos de 200 mil pessoas proprietárias da metade da riqueza nacional. Os desafios do desenvolvimento e da sustentabilidade 77