À beira do precipício pd51 | Page 73

secção. Para compreender essa divisão é importante uma pequena revisão sobe algumas questões financeiras. 1) Relação entre tempo, capital de giro, inadimplência e burocracia O capital de giro de uma empresa, também conhecido como Capital Circulante Líquido (CCL) tem como principal objetivo finan- ciar as operações entre o intervalo de saídas e entrada de capital. Quanto maior for essa diferença, maior terá que ser o CCL, conse- quentemente, maior deverá ser o valor investimento no negócio, com essa fonte de recursos sendo, preferencialmente de longo prazo. Nesse caso, considerados os dez pontos da CNI (2018), temos os seguintes fatores que alongam uma execução/comercialização (faturamento): demanda interna insuficiente; burocracia exces- siva; inadimplência dos clientes; taxa de juros elevada; falta de financiamento de longo prazo; licenciamento ambiental; e, falta ou alto custo da matéria-prima. Ou seja, 70% dos problemas tem impacto no CCL. Desses, burocracia excessiva; inadimplência dos clientes; e, licenciamento ambiental, estarão de alguma forma relacionados com insegu- rança jurídica. Tem-se, então, dois grandes grupos de problemas que se retroa- limentam: restrições no acesso a recursos; e, insegurança jurídica. A restrição no acesso a recursos colabora com a inadimplência dos clientes e com os problemas de financiamento das construtoras. Por sua vez, a insegurança jurídica dificulta as soluções de inadim- plemento e induz a incertezas nos processos de aprovação licencia- mento, o que afeta a liquidez e rentabilidade dos empreendimentos. Dessa maneira, o setor termina prisioneiro de um ciclo nega- tivo e passa a depender de um considerável choque externo para se recuperar. Uma medida salutar, e evidente, é a revisão das normas tributárias aplicáveis às atividades de construção, com a revisão das regras de licenciamento ambiental, concessão de alva- rás etc. Há uma enorme sobreposição de funções no desenvolvi- mento e licenciamento de uma obra. Dever-se-ia ampliar a auto- nomia e a responsabilidade de incorporadores, construtores, engenheiros e arquitetos, que deveriam submeter seus trabalhos a uma melhor estrutura de aprovação e fiscalização governamen- tal, ao mesmo tempo em que passariam a ser mais responsabili- zados por erros e omissões. Crise e reconstrução: a construção civil e a retomada do crescimento 71