À beira do precipício pd51 | Page 70

estagnação prolongada compromete, naturalmente a capacidade produtiva, mesmo que o empresariado não desmobilize fisica- mente seu investimento. De todos os elos de produção no setor, os terrenos são o esto- que de capital com menor custo de carregamento, que pese pode- rem perder valor frete ao que foi gasto em sua aquisição, assim como as despesas com impostos municipais e, em alguns casos, riscos de invasão. No entanto, terrenos têm menor custo de carre- gamento que imóveis prontos e não comercializados. Logo, o investimento em novos empreendimentos, após longo período recessivo, que compromete a disponibilidade de capital dos inves- tidores, demanda maior dose de cuidado do que o usual, fato que dificulta a reativação do setor. Em conjunto, então, tem-se os seguintes desafios: a) A reativação pelo lado da demanda individual encontra limi- tes nas expectativas nos agentes econômicos em relação ao seu próprio futuro financeiro; b) A reativação com base em uma rodada de investimentos públicos esbarra na baixa capacidade atual de financia- mento do governo; c) O empresariado possui limites estritos de carregamento da infraestrutura produtiva, que gradativamente comprome- tem, inclusive, a liquidez de sua posição e sua habilidade em iniciar novos empreendimentos. Uma agenda para a retomada dos investimentos em infraestrutura A reativação do setor da construção passa, necessariamente, pela retomada dos investimentos no setor de infraestrutura. Dado o quadro de forte restrição orçamentária do Poder Público, a participação de capital privado é inevitável, sendo possível o recurso a dois tipos específicos de concessões: modalidade pura; e, modalidade Parceria Público-Privada (PPP). As concessões puras tratam de serviços que por sua natureza são capazes de gerar lucro para um concessionário privado, que pode cobrar diretamente do usuário pela prestação do serviço. Nesse grupo, incluem-se as concessões de determinadas rodovias 68 Demetrio Oliveira; José Carneiro Neto; Piscila Alvim