À beira do precipício pd51 | Page 69

Em uma análise mais detalhada das informações , observa-se que , entre os anos de 2007 e 2012 , o setor cresce a média anual de 12,1 %, enquanto observa uma queda média anual em sua produtividade de 0,4 % ( CBIC ; FGV , 2014 ), prelúdio de que há algo estruturalmente errado com o segmento , já que dentre os modelos econômicos de crescimento mais aceitos , o crescimento da produtividade é peça fundamental para o crescimento econômico de longo prazo ( ROMER , 2001 ). No entanto , o setor da construção é peculiar , com as dificuldades de melhoria na produtividade dos fatores de produção sendo característica mesmo em países desenvolvidos , como os Estados Unidos ( EASTMAN et al ., 2008 ). Deve-se , porém , ressaltar que a produtividade média da mão de obra empregada nos países desenvolvidos é superior a brasileira , o que evidência a existência de espaço para melhoria dos nossos indicadores .
Alterando o foco do comprador para o empresário , a decisão de investimento na construção e na manutenção / melhoria da capacidade produtiva passa , necessariamente , por alguma expectativa de ganhos futuros . Dessa forma , o fato de a indústria operar com pouco menos de 60 % de sua capacidade poderia ser , a primeira vista , encarado com certo alívio , já que em um cenário de expectativas caóticas há , ao menos , uma menor desmobilização da capacidade de produção , o que permitiria , em tese , uma retomada mais rápida da produção no caso de reversão das expectativas .
Porém , deve-se ter em mente que muito do capital investido na construção é do tipo especializado , não podendo ser revertido em investimentos em outros setores sem forte depreciação . Assim sendo , a não liquidação de parte da capacidade produtiva e o eventual carregamento , pelo empresariado , de custos enquadrase perfeitamente na racionalidade econômica , com a espera por novas informações que revertam as expectativas como alternativa mais atrativa frente à desmobilização de capital com prejuízo . ( DIXIT ; PINDYCK , 1994 ).
Há , no entanto , um limite factual para essa capacidade de carregamento de posição . Em primeiro lugar , os equipamentos utilizados nas obras , como betoneiras , caminhões e guindastes depreciam não só financeiramente , mas fisicamente , e uma eventual demora prolongada em sua liquidação pode comprometer completamente seu valor . Obviamente que em um setor estagnado , o mercado para equipamento que apresentam poucos usos alternativos também não é muito receptivo . De toda forma , a
Crise e reconstrução : a construção civil e a retomada do crescimento
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