o que não deve ser acolhido é o pleito da agroecologia ser aceita
como ciência e nem tolerado o apoio do Estado a essas fantasiosas
experiências de ajudar a agricultura brasileira, sobretudo os
produtores rurais mais pobres e mais fragilizados.
No que tange a que a promessa agroecológica esteja associada
ao fortalecimento da agricultura de pequeno porte e ao reforça-
mento de sua missão de responder por 70% da alimentação que
chega nas mesas das famílias brasileiras, convém resgatar a
pesquisa feita por Rodolfo Hofmann (2014) que afirma ser falso
que a agricultura familiar responda por 70% da comida que chega
à mesa de nossas casas. Para Hoffmann, que procedeu análise
estatística rigorosa com base no Censo Agropecuário de 2006,
este aporte não alcançaria 25%.
A inevitabilidade da inserção competitiva da agropecuária
brasileira no mercado mundial de commodities e de espécimes
com valor agregado elevado, vem se tornando óbvia. A este fato
aduz-se as pressões e acordos internacionais que visam atribuir
papel relevante ao Brasil na redução das carências de alimento
ao nível mundial. Face esta realidade e à grande probabilidade
da adoção da Inteligência Artificial e da Indústria 4.0 no agro
brasileiro, é necessário proceder estudos visando avaliar os efei-
tos destas transformações estruturais, tanto na redução dos
empregos diretos como na exclusão de estabelecimentos que não
lograrem modernizar-se.
Não obstante ser arriscado fazer projeções, a análise das
transformações recentes e possíveis de virem a ocorrer nos proces-
sos produtivos na agricultura, decorrentes da adoção das referi-
das inovações, sugere que se repensem as políticas agrícolas, em
particular políticas de pesquisa agropecuária, privilegiando
demandas específicas e condutas de elevada racionalidade. Neste
quadro de definições, não há razões para apoio público às expe-
riências no campo da Agroecologia, pelo simples fato dessa
suposta área de pesquisa vir, cada vez mais, afastando-se dos
preceitos da ciência, iludindo incautos e utilizando fundos que
seriam mais bem aplicados na adaptação de produtores que terão
dificuldades de lidar com a adoção da Inteligência Artificial e da
Indústria 4.0 no mundo rural brasileiro.
O campo brasileiro: mitos, conquistas e desafios
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