moderno? A agroecologia poderá ignorar o que está acontecendo
com um “comportamento de avestruz”? Que dizer de uma suposta
área de conhecimento que abstrai problemas como abastecimento
da população e obtenção de saldos de alimento e xportáveis? Que
define entre seus objetivos interferir na correlação de forças de
uma luta de classes imaginária entre o Leviatã mal-intencionado,
que seria o agronegócio, e um “campesinato”, que só adquire
expressão numérica e social em hipóteses jamais testadas? Que
defende uma paridade em parcerias de pesquisa entre homens de
ciência e habitantes do meio rural, demonstrando incapacidade
de perceber os limites e a importância do senso comum para a
pesquisa científica? Que se recusa a proceder a qualquer avalia-
ção econômica de seus sistemas à luz do mercado e considerando
os custos de oportunidade? Que refuta a ideia de apresentar crité-
rios de validação de suas “pesquisas”, descrevendo o método e os
limites de aproximação que permitam julgar o significado?
“Estas condutas retiram da agroecologia qualquer valor
universal e toda a possibilidade de se apresentar claramente como
ciência, pelo menos pelos critérios globalmente aceitos do que seja
ciência”. Não obstante a agroecologia pretender se definir como
um enfoque científico destinado a apoiar a transição dos atuais
modelos de desenvolvimento rural e de agricultura convencionais
para estilos de desenvolvimento rural e de agriculturas sustentá-
veis, que se proponha a proceder reflexões teóricas para confor-
mar um corpus teórico e metodológico a subsidiar essa propalada
transição. Entretanto, até que estabeleça etapas ou níveis de
transição que poderiam parecer lógicos e sensatos, na prática a
agroecologia é uma práxis confusa, uma vez que dá um peso
desproporcional à atuação dos agentes sociais e econômicos nessa
imaginada transição, visto que os mesmos deveriam internalizar
crenças inabaláveis nas possibilidades da agroecologia, sem
questionar os princípios da mesma. Inobstante as boas intenções
em relação à biodiversidade, ao aquecimento global etc., a agroe-
cologia está mais próxima de uma seita que de uma ciência.
Neste sentido, em relação a ela, vendo-a como uma seita reli-
giosa, pode-se ser tolerante visto que jardins e hortas, como siste-
mas mais fechados, autossuficientes, tipo o “sistema mandala”,
devem ser aceitos como experiências estéticas, mas de impacto
econômico extremamente limitado, e vistos como utopia, da
mesma forma que Francis Bacon descreveu e desenhou na Nova
Atlântida, provável fonte de inspiração da agroecologia. Contudo,
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Amilcar Baiardi