À beira do precipício pd51 | Page 62

Ainda na visão das referidas pesquisadoras, as Agtechs surgem com um papel muito importante no ecossistema de inovação agrícola, em virtude da facilidade em levar as inova- ções para dentro das empresas, sejam estas nas áreas de TI, biotecnologia, nanotecnologia, automação ou robótica. Um exem- plo do dinamismo deste hub de inovação foi o crescimento da capacidade de financiamento, a qual evoluiu do autofinancia- mento para mecanismos como fundos de venture capital, fundos privados, crowdfunding, capital anjo etc. Um exemplo bem-sucedido de startups do agronegócio digital é a Agrosmart que tem, como “carro chefe” da empresa, um produto que possibilita a irrigação inteligente das lavouras, por meio de sensores no solo que controlam temperatura, umidade e vento, entre outros parâmetros. A Agrosmart prosperou forte- mente em função da existência de um ecossistema de inovação, que possibilitou a empresa engendrar boas ideias. O avanço da Industria 4.0 na agricultura do Brasil ainda enfrenta dificuldades, sendo a principal a deficiência da cober- tura da internet no campo. A infraestrutura é insuficiente e os programas de universalização da internet dependem de investi- mentos que tardam, o que tem limitado a difusão de uma infini- dade de aplicativos já disponíveis. Não obstante seja possível desenvolver soluções que contornem a ausência da internet, maior benefício do conhecimento nesta área depende de uma rede com um maior tráfego de informação, a qual permitiria aos agriculto- res acessar, por celular, os diversos aplicativos que processam dados coletados no campo – é o que pensam as pesquisadoras Paula Drummond de Castro e Maria Beatriz Machado Bonacelli. Neste panorama, algumas soluções muito criativas estão aparecendo. Entre elas está a parceria entre o CPqD, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações, que tem esta- tuto de Oscip, organização da sociedade civil de interesse público, com o Grupo São Martinho, um dos maiores empreendimentos do setor sucroalcooleiro do Brasil, para desenvolver o projeto Agro- TICs. O objetivo deste projeto é a implantação de uma rede móvel privada de banda larga, baseada no conceito de internet das coisas, no setor de agronegócios. A ideia é conectar áreas rurais e remotas da empresa. O projeto contou com apoio do BNDES, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, e da Finep, Financiadora de Estudos e Projetos. 60 Amilcar Baiardi