Ainda na visão das referidas pesquisadoras, as Agtechs
surgem com um papel muito importante no ecossistema de
inovação agrícola, em virtude da facilidade em levar as inova-
ções para dentro das empresas, sejam estas nas áreas de TI,
biotecnologia, nanotecnologia, automação ou robótica. Um exem-
plo do dinamismo deste hub de inovação foi o crescimento da
capacidade de financiamento, a qual evoluiu do autofinancia-
mento para mecanismos como fundos de venture capital, fundos
privados, crowdfunding, capital anjo etc.
Um exemplo bem-sucedido de startups do agronegócio digital
é a Agrosmart que tem, como “carro chefe” da empresa, um
produto que possibilita a irrigação inteligente das lavouras, por
meio de sensores no solo que controlam temperatura, umidade e
vento, entre outros parâmetros. A Agrosmart prosperou forte-
mente em função da existência de um ecossistema de inovação,
que possibilitou a empresa engendrar boas ideias.
O avanço da Industria 4.0 na agricultura do Brasil ainda
enfrenta dificuldades, sendo a principal a deficiência da cober-
tura da internet no campo. A infraestrutura é insuficiente e os
programas de universalização da internet dependem de investi-
mentos que tardam, o que tem limitado a difusão de uma infini-
dade de aplicativos já disponíveis. Não obstante seja possível
desenvolver soluções que contornem a ausência da internet, maior
benefício do conhecimento nesta área depende de uma rede com
um maior tráfego de informação, a qual permitiria aos agriculto-
res acessar, por celular, os diversos aplicativos que processam
dados coletados no campo – é o que pensam as pesquisadoras
Paula Drummond de Castro e Maria Beatriz Machado Bonacelli.
Neste panorama, algumas soluções muito criativas estão
aparecendo. Entre elas está a parceria entre o CPqD, Centro de
Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações, que tem esta-
tuto de Oscip, organização da sociedade civil de interesse público,
com o Grupo São Martinho, um dos maiores empreendimentos do
setor sucroalcooleiro do Brasil, para desenvolver o projeto Agro-
TICs. O objetivo deste projeto é a implantação de uma rede móvel
privada de banda larga, baseada no conceito de internet das
coisas, no setor de agronegócios. A ideia é conectar áreas rurais e
remotas da empresa. O projeto contou com apoio do BNDES,
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, e da
Finep, Financiadora de Estudos e Projetos.
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Amilcar Baiardi