À beira do precipício pd51 | Page 53

A eleição por lista fechada, uma excrescência barrada durante os debates na Câmara e no Senado, funciona na realidade quando os partidos definem livremente quanto e quem vai receber dinheiro público para a sua campanha, dentro da sua lista de candidatos preferenciais, praticamente inviabilizando os demais. O controle sobre o acesso à propaganda oficial também é exclusivo da cúpula dos partidos. Aparece na TV quem eles determinarem. Os outros que se virem sozinhos, quase clandestinos. É a mesma lógica do veto a candidaturas avulsas: o controle absoluto é dos partidos. A renovação é dificultada a qualquer custo (e esse custo – carís- simo, como já ficou claro – é espetado na conta do povo). Alguns novos partidos tem insignificantes 4 ou 5 segundos de propaganda na TV. Não dá nem para se apresentar minimamente, como fazia, no folclórico bordão “Meu nome é Enéas”, o falecido presidenciável do igualmente finado Prona. Se o eleitor-espectador piscar o olho, não vê passar o candidato. Isso é justo? É democrático? Dos debates só participa quem está em partido ou coligação com um número “x” de parlamentares. Ou seja, partido novo (e o Novo é mesmo um dos exemplos concretos e objetivos) está excluído dos confrontos entre candidatos mediados na TV, enquanto parti- cipam outros que aparentemente seriam barrados se houvesse teste psicotécnico ou exame antidoping para ocupar uma cadeira. Lamentável como se criam labirintos jurídicos e armadilhas políti- cas tendo como pano de fundo a “democracia”, essa palavrinha mágica que esconde tantos abusos e absurdos corporativistas e antiéticos, ilusão de ótica que segue beneficiando quem deseja manter tudo como está para ver como é que fica. Democracia mesmo, aquela que existe quando a boa política (mais que “nova” ou “velha”, mas verdadeiramente “boa”, que corresponda plenamente ao que é exigido, desejado ou esperado quanto à natureza, adequação, função, eficácia e funcionamento da política) é posta em prática, não teremos ainda em 2018 ou até que as reformas estruturais do Brasil sejam tocadas com rigor, coragem, responsabilidade e independência. Por isso, o voto em 7 de outubro é tão importante: para a Presi- dência da República e para o Governo do Estado, mas também – e principalmente – para o Senado Federal, a Câmara dos Deputa- dos e as A