Deus”, por ter divergências de ideias e pensamentos com ele. A Polí-
cia Federal investiga o criminoso, que já foi filiado ao PSol entre
2007 e 2014. O partido repudiou o atentado, assim como todos os
candidatos a presidente da República e as autoridades do país,
entre as quais o presidente Michel Temer e a presidente do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber.
Segundo a PF e a PM, havia agentes de segurança no momento
do episódio, mas a situação ficou fora de controle: Bolsonaro
estava sobre os ombros de um correligionário e buscava contato
direto com seus eleitores. A primeira reação ao episódio nas redes
sociais foi muito ruim: mais radicalização de partidários e adver-
sários de Bolsonaro. Dizia-se que o atentado foi obra da esquerda,
de um lado, e que tudo não passava de uma encenação da direita,
de outro. As primeiras versões eram todas para pôr mais lenha na
fogueira da radicalização.
Bolsonaro foi ferido gravemente, sendo obrigado a sofrer uma
colostomia, procedimento que conecta o intestino delgado para
uma bolsa fora do corpo, evitando que as fezes passem pelo
intestino grosso e possam causar uma infecção no local onde os
médicos suturaram a perfuração. A perfuração provocou múlti-
plas lesões internas, sua recuperação será lenta, mesmo que
tudo corra bem com a cirurgia. O episódio vai prejudicar a
campanha dele do ponto de vista físico, mas, eleitoralmente,
ainda é uma grande incógnita.
Com a saída de Lula da disputa eleitoral, Bolsonaro subiu mais
dois pontos. As próximas pesquisas dirão qual será a repercussão
do episódio. Na pesquisa do Ibope divulgada no dia 5 de setembro,
estava com 22% de intenções votos, contra Marina (Rede) e Ciro
(PDT), com 12%; Alckmin, com 9%; e Haddad, com 6%, para citar
os que disputam uma vaga no segundo turno. O episódio teve
ampla repercussão internacional e acirrou o clima eleitoral, da pior
maneira possível. Apesar dos apelos dos demais candidatos e das
autoridades, ninguém garante que o clima de radicalização venha
a se distender. O “nós contra eles” é recíproco, até porque isso bene-
ficia os interessados na radicalização.
A não aceitação do outro como alternativa de poder é o senti-
mento que alimenta a radicalização, queiramos ou não. Em
circunstâncias normais, faz parte da disputa pelo poder; num
ambiente que degenera em violência e atentados à vida, passa a
ser uma ameaça ao processo democrático. A regra de ouro da
A escolha errada e a democracia esfaqueada
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