mas não é. A corrupção, os privilégios e os desperdícios de recur-
sos públicos impedem essa compreensão. Tanto Lula como Bolso-
naro apostam em concepções arraigadas da população, alicerça-
das no senso comum (não é à toa que uma parcela do eleitorado de
ambos se confunde), mas há o outro lado da moeda: a radicaliza-
ção política e a disseminação do ódio ideológico na campanha elei-
toral por ambos contrariam a cultura de conciliação da política
brasileira. O medo dessa confrontação pode vir a ter um peso deci-
sivo nas eleições em favor de uma candidatura mais moderada,
identificada com o eleitor mais preocupado em defender sua família
do desemprego, da violência e da desestruturação.
Triângulo de fogo
Incêndios dependem basicamente da temperatura de ignição.
Os outros fatores – oxigênio e material inflamável – estão dados
em qualquer situação. O qu e vai distinguir a gravidade do incên-
dio é a existência de produtos químicos e materiais sintéticos,
contra os quais não basta o resfriamento. É preciso cortar o oxigê-
nio e a existência de corrente elétrica, muitas vezes a origem da
fagulha que provocou o incêndio. Não, desta vez não se trata do
museu que pegou fogo, trata-se das eleições e do desgaste a que
estão sendo submetidas as nossas instituições democráticas,
principalmente o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Supremo
Tribunal Federal (STF), às vezes, em razão de suas próprias
contradições internas.
Não faltam interessados na radicalização política e na desmo-
ralização da Justiça, em pleno processo eleitoral, entre os quais o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que legalmente está
fora da disputa, mas mantém sua candidatur