À beira do precipício pd51 | Page 45

mas não é. A corrupção, os privilégios e os desperdícios de recur- sos públicos impedem essa compreensão. Tanto Lula como Bolso- naro apostam em concepções arraigadas da população, alicerça- das no senso comum (não é à toa que uma parcela do eleitorado de ambos se confunde), mas há o outro lado da moeda: a radicaliza- ção política e a disseminação do ódio ideológico na campanha elei- toral por ambos contrariam a cultura de conciliação da política brasileira. O medo dessa confrontação pode vir a ter um peso deci- sivo nas eleições em favor de uma candidatura mais moderada, identificada com o eleitor mais preocupado em defender sua família do desemprego, da violência e da desestruturação. Triângulo de fogo Incêndios dependem basicamente da temperatura de ignição. Os outros fatores – oxigênio e material inflamável – estão dados em qualquer situação. O qu e vai distinguir a gravidade do incên- dio é a existência de produtos químicos e materiais sintéticos, contra os quais não basta o resfriamento. É preciso cortar o oxigê- nio e a existência de corrente elétrica, muitas vezes a origem da fagulha que provocou o incêndio. Não, desta vez não se trata do museu que pegou fogo, trata-se das eleições e do desgaste a que estão sendo submetidas as nossas instituições democráticas, principalmente o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Supremo Tribunal Federal (STF), às vezes, em razão de suas próprias contradições internas. Não faltam interessados na radicalização política e na desmo- ralização da Justiça, em pleno processo eleitoral, entre os quais o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que legalmente está fora da disputa, mas mantém sua candidatur