milhões, em 1865, para 63 milhões em 1890, 4,5 vezes maior
que a brasileira. A renda per capita cresceu 55%. A produção
agrícola representava apenas 22% do valor da produção,
enquanto a indústria atingia 41%.
Ou seja, enquanto os Estados Unidos faziam a sua revolução
industrial, o Brasil fazia tudo para manter a escravidão. De 1820
a 1890, a nossa renda per capita subiu apenas de 670 para 704
dólares anuais. Nesse período, a renda da Argentina subiu de 1,3
para 2,7 mil dólares; e a de Portugal chegou 1, 4 mil dólares. São
escolhas políticas que determinam o futuro das nações. Basta
olhar aqui para o lado, a Venezuela, a maior potência petrolífera
do continente, mergulhada no autoritarismo político, no caos
econômico, no paramilitarismo e na corrupção. O governo de
Campos Sales, por exemplo, promoveu uma das maiores reces-
sões da história, deliberadamente, porque o presidente da Repú-
blica e seu ministro da Fazenda, Joaquim Murtinho, eram contra
a industrialização e se aliaram às velhas forças retrógradas do
Império, que queriam manter seus privilégios.
A crise econômica em que o Brasil mergulhou durante o
governo Dilma Rousseff foi um desses momentos em que o país
andou para trás. Ao final de 2016, a economia havia encolhido
quase 8% em dois anos. A última vez que algo parecido havia
acontecido fora no biênio 1930-31, em meio à Grande Depressão,
quando a geração de riquezas diminuiu pouco mais de 5%.
Dilma assumiu o Planalto em 2011, herdando um crescimento
econômico de 7,53% no ano anterior, com o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva alardeando que o Brasil foi o último país a
entrar e o primeiro a sair da crise internacional. O discurso
triunfalista se baseava numa política de expansão do crédito e
de aumento do salário real que não tinha lastro no aumento da
produtividade e na ampliação do déficit público, e nas demandas
de commodities de alimentos e minérios geradas pela expansão
da economia chinesa, além do chamado bônus demográfico, que
reduziu o número de dependentes em relação à população econo-
micamente ativa e com renda.
Dilma aprofundou as políticas de Luiz Inácio Lula da Silva e
adotou outras, que chamou de “nova matriz econômica”. O tripé
formado por metas de inflação, superavit primário e câmbio
flutuante, herança do governo de Fernando Henrique Cardoso,
seguido à risca pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro
mandato, foi substituído por intervenções mais acentuadas na
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Luiz Carlos Azedo