À beira do precipício pd51 | Page 21

É uma candidatura que explora, sem pruridos, o desencanto político, a ignorância e a indignação dos brasileiros. Ao atribuir tudo o que há de ruim aos governos social-democráticos, de FHC a Lula e Dilma, fortalece a ideia de que a esquerda é a grande vilã da história, o que é uma falsificação grosseira. O autoritarismo regressista que o candidato anuncia no plano comportamental, o modo como ele se expressa, o ódio social que distila em seus pronunciamentos prenuncia um país que não corresponde ao que os brasileiros anseiam. Mas ele segue em frente, indiferente a todas as tentativas de desconstrução. Fora da extrema-direita, tem-se um centro despedaçado e uma esquerda desorientada. O que poderia ter sido uma oportu- nidade para a fixação de uma vertente progressista, reformista e democrática no país foi-se diluindo com o passar dos dias. Poucos candidatos dispõem de estruturas políticas fortes: a rigor, somente Alckmin e Haddad. Os mais frágeis mostram vigor e resiliência, como é o caso de Marina e Ciro, fato que provoca dúvidas sobre a governabilidade que terão caso venham a ser eleitos. Ciro e Haddad Ciro foi sacrificado pelo PT, que bloqueou seu acesso ao terri- tório da esquerda hegemonizada pelo petismo. Tem buscado assi- milar o golpe e ampliar a moderação verbal, mas passou a circu- lar com menos desenvoltura. Foi forçado a abrir disputa com o PT, e lutará com Haddad para ver quem falará, mais à frente, pela esquerda até hoje dominada pelo petismo e, mais ainda, pelo lulismo. Nã