À beira do precipício pd51 | Page 193

abrigar sectários que aparelham o Estado sem contribuição efetiva para o aperfeiçoamento da máquina pública .
Como cobrar “ rigor e competência ” quando não há nada a perder ? Como incentivar a produtividade do setor público ? Quando eu trabalhava no governo do Estado do Rio de Janeiro costumava ouvir dos estatutários que “ a gente finge que trabalha e o Estado finge que paga bem ” numa alusão aos baixos salários dos quadros que tinham que ser compensados pelas funções gratificadas para chegar a um salário decente . Sem esquecer a imagem do paletó nas costas da cadeira na repartição .
O “ respeito ao empreendedorismo ”, exposto no livro , me sugeriu uma visão romântica em relação ao empreendedor , quase como o surgimento histórico da burguesia nascida dos artesãos que , no período pré-Revolução Industrial , sendo donos de seu capital e de sua força de trabalho , empreendiam nas corporações de ofício . Mas esse tipo de empreendimento não gera riqueza , assenta-se na transferência de renda e quando muito contribui para aquecer mercados de consumo . Empreendimentos que contratam mão de obra e trabalham com elevada produtividade , quer por aperfeiçoamentos tecnológicos quer por incorporar inovações que a modernidade disponibiliza , é um nicho a ser incentivado . O que vem desequilibrando as relações entre capital e trabalho , a meu ver , é o capital financeiro . Talvez um bom experimento a ser observado de perto seja o do Banco Grameen , do Prêmio Nobel Muhhammad Yanus .
O capítulo “ O Ponto de Virada ” coincide com grande parte de meu pensamento a respeito do Brasil que eu sonho ver acontecer . Que tal começar a mexer na Previdência nem que seja colocando o começo das novas regras para um horizonte de 20 ou 30 anos à frente ? Que tal começar a mexer na estabilidade do funcionalismo abolindo-a para os que ingressarem agora no serviço público e fazendo como as empresas estatais fizeram , negociando planos de transição ? Considero a CLT , hoje , um fator de atraso à empregabilidade de parcelas expressivas da população .
Poder estar com pessoas e contribuir , de alguma forma , para a realização de bons resultados , desde que não me ocupasse todo o dia , seria algo que eu poderia considerar , ainda que por remuneração inferior à de mercado . Mas isso não é possível ! Se eu quiser me ocupar , nessas condições , terá que ser em trabalho
Confronto entre mentes
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