À beira do precipício pd51 | Page 184

tudo isto a algumas espécies vegetais, destacadamente ao trigo, ao arroz e à batata. Mas afinal o que move a história da sociedade humana? Segundo Harari: Como você faz as pessoas acreditarem em uma ordem imagi- nada como o cristianismo, a democracia ou o capitalismo? Primeiro você nunca admite que a ordem é imaginada. Você sempre insiste que a ordem que sustenta a sociedade é uma realidade objetiva criada pelos grandes deuses ou pelas leis da natureza... a ordem imaginada está incrustada no mundo material... embora só exista em nossa mente... e ela, a ordem imaginada é quem... define nossos desejos (p. 121, 123). Ao invés da “ordem imaginada” adotada pelo autor, Engels diz: [...] Marx descobriu a lei do desenvolvimento da história humana: o fato tão simples, mas que até ele se mantinha oculto pelo cipoal ideológico, de que o homem precisa, em primeiro lugar, comer, beber, ter um teto e vestir-se antes de poder fazer política, ciência, arte, religião etc.; que, portanto, a produção dos meios de subsistência imediatos, materiais, e por conse- guinte a correspondente fase econômica de desenvolvimento de um povo ou de uma época é a base a partir da qual se desen- volveram as instituições políticas, as concepções jurídicas, as ideias artísticas e inclusive as ideias religiosas dos homens e de acordo com a qual devem, portanto, explicar-se; e não o contrá- rio, como se vinha fazendo até então... (“Discurso diante da sepultura de Marx”, F. Engels). Para Marx e Engels A história de todas as sociedades até agora tem sido a história da luta de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, membro das corporações e aprendiz, em suma, opressores e oprimidos, estiveram em contraposição uns aos outros e envolvidos em uma luta ininterrupta, ora disfarçada, ora aberta, que terminou sempre com a transformação revolu- cionária da sociedade inteira ou com o declínio conjunto das classes em conflito. (O Manifesto Comunista 150 anos depois. Contraponto, 1997, p. 8). Por ter como guia a tal “ordem imaginada” e não os fenôme- nos sociais da história da humanidade é que Harari afirma: “Mas é um fato comprovado que a maior parte dos ricos são ricos 182 Sérgio Augusto de Moraes