À beira do precipício pd51 | Page 181

Sapiens – Harari, Marx e Engels Sérgio Augusto de Moraes M esmo se dizendo breve não é fácil escrever a história da humanidade em 400 pgs, como tenta fazer Yuval N. Harari em seu livro Sapiens – Uma breve história da humanidade (LP&M, 2017). Talvez por isto, entre outras coisas, o livro deixa lacunas imperdoáveis. Mas mesmo assim, ao abordar esta história, o autor transmite informações importantes. Para atrair o grande público, ele usa fórmulas singelas para explicar fenômenos complexos e os fatos sociais surgem natural- mente, como lebre da cartola de um mágico. Se é assim tudo indica que o autor conseguiu seu objetivo, o livro transformou-se num best seller internacional. Mas se observarmos com mais rigor, vemos que Harari cai no ecletismo, no subjetivismo e em omissões inaceitáveis. Uma das falhas mais notáveis é sua análise do surgimento do homo sapiens. Ele constata que “os primeiros homens e mulheres, há 2,5 milhões de anos, tinham cérebros de cerca de 600 centí- metros cúbicos. Sapiens modernos apresentam um cérebro de 1200 a 1400 centímetros cúbicos”. Até aqui tudo bem, boa infor- mação. Estamos falando do homo-erectus. Todavia, mais adiante afirma que “Por mais de 2 milhões de anos as redes neurais dos humanos continuaram se expandindo, mas, com exceção de algumas facas de sílex e varetas pontiagudas, os humanos tiraram muito pouco proveito disso. Então, o que impulsionou a evolução do enorme cérebro humano durante esses 2 milhões de anos? Francamente, não sabemos” (p. 16 e 17). Singularmente, ele assinala pouco depois que “o caminhar ereto sobre duas pernas, a produção de ferramentas sofisticadas, a domesticação do fogo, a vida em sociedade e um cérebro grande deram vantagens enormes à humanidade”. Assim, como não sabemos? Se não nos limitarmos aos quatro fatores antes mencionados e levarmos em consideração as mudanças climáticas, o uso contí- nuo da alimentação carnívora e particularmente o trabalho com 179