À beira do precipício pd51 | Page 170

convencidos de que todos os navios baianos continuavam a trafi- car na Costa dos Escravos. Números de escravos O número de cativos a bordo dependia muito do tipo de navio, bem como do lugar de tráfico na África e, em menor grau, nas Américas. Além disso, o tamanho do tipo de embarcação negreira mudou ao longo do tempo. Oitenta e sete por cento das viagens negreiras documentadas em portos africanos específicos embar- cou escravos em apenas um local. Esse padrão de embarque em massa era particularmente acentuado nas regiões a leste do Golfo do Benin. Os capitães que traficavam em mais de um local na África geralmente o faziam no trecho do litoral compreendido entre o Senegal e Uidá. A utilização de um porto único para o tráfico de escravos era ainda mais frequente nas Américas. Noventa e cinco por cento das viagens negreiras que ancoraram em mercados específicos do Novo Mundo desembarcaram suas cargas humanas em um único porto. No entanto, se deve levar em conta sobre escravos que foram desembarcados e comercializados em lugares diferentes, a partir dos registros de partidas e chega- das dos navios que os transportavam. Nações transportadoras A partir de 1839, os navios de guerra britânicos foram auto- rizados a abordar e deter os navios negreiros que navegavam sob a bandeira portuguesa. Os entregavam aos Tribunais do Vice Almirantado para confisco, nos termos da lei britânica. Em reação a isso (e a uma legislação semelhante, em 1845, que estendeu essa medida aos navios sob a bandeira brasileira), muitos navios negreiros pararam de registrar os navios. Navios foram registrados em um país, a tripulação pertencia a outro, e muitos navegavam com documentos falsos. Alguns navios britâ- nicos navegavam sob bandeira francesa no final do século XVIII e são exemplos do primeiro caso; já os proprietários britânicos e americanos de navios negreiros que navegavam com documen- tos portugueses e espanhóis depois de 1807 – às vezes, fraudu- lentos, às vezes, não – são exemplos do segundo. Mas no cômputo geral, esses casos representam provavelmente menos de 1% dos navios incluídos no total do investigado pela pesquisa. Também 168 Luís Mir