À beira do precipício pd51 | Page 162

Mas não passava de pura ilusão imaginar que novos desenhos urbanos pudessem camuflar a diversidade de questões político- sociais reveladas pela realidade. Na moderna sociedade de base industrial, expandiram-se cidades como Paris, Viena e outras tais, em outros países do Ocidente. Também a cidade do Rio de Janeiro modernizou-se, implan- tando largas avenidas em consonância com o uso de novas ener- gias e meios de transporte. Nesse novo espaço, surgiram cafés, livrarias, teatros onde os homens modernos exibiam novos hábitos, vestidos de forma mais moderna e confortável, e louvavam a moder- nidade industrial como algo do presente mas também eterno. O fato é que as cidades também foram se expandindo pelas periferias, onde passaram a despontar toda uma gama de pessoas dispostas a fazer valer suas vozes na defesa de seus próprios inte- resses Os operários e, de modo geral, a população pobre voltada para o setor de serviços descobriram que não eram cidadãos e pretendiam sê-lo quer reivindicando seus direitos dentro do sistema, quer procurando derrubá-lo. Aos poucos, o ator civilizado, digamos assim, vai cedendo terreno a atores que lutam por suas próprias causas – e esse é o caso de um operariado fortalecido, no plano econômico, pelo desen- volvimento das práticas industriais e, no plano político, pela Revo- lução Russa de 1917. No decorrer do tempo, o conceito de cidadania ganha destaque no interior das cidades e ainda fora delas. A partir da década de 1970, inúmeros movimentos sociais saem em busca de protagonismo politico, como os negros, as mulheres, os gays, os trabalhadores sem terra e sem teto, todos marcados por uma espécie de sub-cidadania, de sub-representa- ção social. Já na década de 90, esses movimentos explodiam com veemência. Todos eles em busca de leis que garantissem seus direitos, buscando eleger representantes no Parlamento, em busca de soluções para suas demandas. De outro lado, a partir da segunda metade do século XX, ganha folego o movimento pela preservação da terra, do habitat humano e da luta pelo direito essencial de viver, luta essa comum a todas as nações instituídas. Como uma questão supranacional, o movimento pela preservação do meio ambiente viu nascer uma sociedade civil internacional que, entre outros objetivos, prega uma nova relação homem-natureza em todos os planos . Um novo ator politico emerge exigindo politicas públicas em consonância 160 Cleia Schiavo Weyrauch