À beira do precipício pd51 | Page 161

Sobre um novo ator politico Cleia Schiavo Weyrauch H ouve tempo em que a politica concentrava suas atividades em torno de projetos pedagógicos de nação: vincular os cidadãos a um território, fortalecer as moedas nacionais, estabelecer fronteiras divisórias entre países. Eram questões em torno das quais girava a preocupação dos atores políticos. Chamadas politicas de corte nacional, elas precisavam afir- mar-se diante de uma ordem aristocrática que ruía a olhos vistos, com a ascensão da burguesia. O fim do sistema monárquico abriu espaço para o surgimento de Repúblicas que, com seus parlamen- tos, faziam crer que o direito de todos seriam respeitados. O ator dessa nova república era o homem civilizado europeu não contaminado pelas questões sociais e distante de todas as mazelas que afetavam os pobres da cidade, “a classe perigosa, modo geral, identificada com o operariado das fábricas”. As novas Repúblicas do século XX precisavam de símbolos que as legitimassem como: espaços modernos com racional design, e um modo de vida que incorporasse as inovações de então – novos meios de locomoção mais rápidos, uso do aparato cultural e hábi- tos de acordo com os novos principios da civilização. Em torno do debate dessa questão apresentaram-se os urbanistas que divergi- ram entre si, com base em concepções político-sociais de cidade, no fundo, acreditando na neutralização dos problemas sociais através da racionalização do espaço. 159