Na Eslovenia, o opositor partido direitista do ex-Primeiro
Ministro Janez Janša obteve pouco menos de 25% dos votos na
recente eleição parlamentar, com o qual Janša formará o próximo
governo do país. Na linha do presidente estadunidense Donald
Trump, Janša fez campanha com uma plataforma anti-imigran-
tes chamada “Eslovenia primeiro”.
Quando os populistas de direita começaram a ganhar influên-
cia política, os partidos europeus de centro-esquerda confiaram
que suas fortalezas tradicionais lhes permitiriam fazer frente ao
desafio. Para não reforçar inadvertidamente o discurso de direita,
as campanhas da centro-esquerda trataram de levar o debate
público até sua zona de conforto ideológico: o desemprego, a desi-
gualdade e a justiça social. O Partido Social-Democrata Alemão
(SPD) baseou toda a campanha eleitoral de 2017 no slogan
“É hora de mais justiça”.
No entanto, sucessivas e penosas derrotas levaram os parti-
dos de centro-esquerda a descobrir uma dura realidade: por
mais justificados que sejam os apelos em favor da igualdade,
não convencerão os eleitores cuja preocupação principal é a
migração. Assim é que na centro-esquerda de toda a Europa
começou a dar-se uma mudança de rumo, e os social-democra-
tas em vários países-chave estão modificando velhas posturas
em matéria migratória.
Na Alemanha, por exemplo, o governo de coalizão (que inclui
o SPD, a União Democrata Cristã e o seu ramo bávaro, a União
Social Cristã) está envolvido em uma dura disputa em torno da
imigração, que ameaça a sobrevivência da coalizão. Enquanto o
SPD aponta para uma solução europeia e rechaça fechar as fron-
teiras alemãs, a chefe do partido, Andrea Nahles, pediu a imple-
mentação de procedimentos acelerados que permitam às autori-
dades tramitar, em não mais que uma semana, as solicitações
de asilo procedentes de terceiros países seguros. Recentemente,
Nahles abriu o debate dentro do SPD quando, em um aparente
remedo da retórica de direita, declarou que a Alemanha “não
pode receber a todos”.
Alguns dirigentes do SPD e seu setor juvenil se levantaram em
armas. Mas Nahles redobrou a aposta, e avaliou publicamente uma
análise crítica (compilada por um comité de observadores indepen-
dentes) da derrota eleitoral do ano passado. O informe identifica
A esquerda europeia e as políticas migratórias
149