A esquerda europeia
e as políticas migratórias
Michael Bröning
O
s eleitores europeus se opõem, cada vez mais, à imigra-
ção e não confíam que a esquerda lhe ponha limites.
Ao invés de desenvolver uma política progressista, alguns
partidos social-democratas europeus têm optado por assumir
políticas migratórias restritivas. Apesar disso, a social-democra-
cia pode desenvolver uma estratégia racional para a imigração,
sem trair seus valores.
A esquerda tradicional europeia enfrenta uma ameaça de
extinção. Em menos de dois anos, os partidos social-democratas
do continente sofreram derrotas históricas na França, nos Países
Baixos, na Alemanha e na Itália. Em um continente onde a
disputa entre partidos de centro-direita e centro-esquerda era o
habitual, o colapso da esquerda pode trazer profundas conse-
quências que excedem os interesses particulares dos partidos.
O declínio da esquerda tem atrás de si muitos fatores, entre
eles a dissolução da classe trabalhadora tradicional. Porém, uma
das razões mais importantes é dura e simples: os eleitores euro-
peus se opõem, cada vez mais, à imigração, e não confiam que a
esquerda lhes ponha limites.
Frente a uma entrada de refugiados e imigrantes (sobretudo
do Oriente Médio e da África), os eleitores europeus transforma-
ram uma série de eleições recentes em referendos populares sobre
a imigração. Os movimentos populistas de direita souberam
explorar os medos dos eleitores da classe operária, convencendo-
lhes de que os partidos trabalhistas tradicionais permitirão uma
entrada praticamente irrestrita de imigrantes.
Em abril, o primeiro ministro húngaro Viktor Orbán obteve
uma vitória eleitoral esmagadora, após uma campanha que
centrou na “ameaça” aos “valores cristãos” que estariam sendo
reivindicados pelos imigrantes muçulmanos. O novo governo de
coalizão antissistema da Itália ascendeu ao poder graças à popu-
laridade da firmemente xenófoba Liga, conduzida por Matteo
Salvini, novo Ministro do Interior e vice-Primeiro Ministro.
148