À beira do precipício pd51 | Page 147

Os Estados Unidos e o Mundo: tensões Danúbio Rodrigues O Ocidente festejará em 2019 um evento de trinta anos, em comemoração ao fim da era marxista-leninista, cujo maior símbolo está representado pela queda do Muro de Berlim. Centenas de pessoas, naquela ocasião, embriagadas de liberdade individual e de cerveja, passaram a dar marretadas naquela construção, até senti-la quase ao rés do chão, em meio a uivos e vivas. Houve discursos, mesmo diante da barulhada infer- nal, com alguns oradores assegurando que, dali para a frente, o mundo seria outro e que a Humanidade caminharia para um estágio inacreditável de êxtase, jamais visto. O comunismo ateu acabara, para sempre, com a graça do bom Deus, e que a paz entre os povos até dispensava, dali por diante, o seu símbolo universal, representado, até então, pela pomba de Pablo Picasso. A longa ressaca passou e, aos poucos, as pessoas (de várias nacionalidades), que nada tinham de comunistas ou sequer esquerdistas, mas, simpáticas aos Estados Unidos, passaram a compreender que a história dos povos é bem mais realista do que se imagina. Toda a fase política, em determinada parte do mundo, iniciada na Rússia de 1917, com a degola do czarismo, por multi- dões em fúria, parece hoje trocada por outros tipos de apreensão, pelo Ocidente afora. Governos e povos passaram a entender (digamos) que a chamada Democracia Representativa passa, neste instante, por instabilidades crescentes, e de onde menos se esperava, ou seja, a 145