Os Estados Unidos
e o Mundo: tensões
Danúbio Rodrigues
O
Ocidente festejará em 2019 um evento de trinta anos,
em comemoração ao fim da era marxista-leninista, cujo
maior símbolo está representado pela queda do Muro de
Berlim. Centenas de pessoas, naquela ocasião, embriagadas de
liberdade individual e de cerveja, passaram a dar marretadas
naquela construção, até senti-la quase ao rés do chão, em meio a
uivos e vivas. Houve discursos, mesmo diante da barulhada infer-
nal, com alguns oradores assegurando que, dali para a frente,
o mundo seria outro e que a Humanidade caminharia para um
estágio inacreditável de êxtase, jamais visto. O comunismo ateu
acabara, para sempre, com a graça do bom Deus, e que a paz entre
os povos até dispensava, dali por diante, o seu símbolo universal,
representado, até então, pela pomba de Pablo Picasso.
A longa ressaca passou e, aos poucos, as pessoas (de várias
nacionalidades), que nada tinham de comunistas ou sequer
esquerdistas, mas, simpáticas aos Estados Unidos, passaram a
compreender que a história dos povos é bem mais realista do que
se imagina. Toda a fase política, em determinada parte do mundo,
iniciada na Rússia de 1917, com a degola do czarismo, por multi-
dões em fúria, parece hoje trocada por outros tipos de apreensão,
pelo Ocidente afora.
Governos e povos passaram a entender (digamos) que a
chamada Democracia Representativa passa, neste instante, por
instabilidades crescentes, e de onde menos se esperava, ou seja, a
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