À beira do precipício pd51 | Page 141

Explico: em 2015, a mídia chocou a população mundial ao noticiar o caso do homem canadense de 52 anos que se inseriu na comunidade de transgêneros de Toronto afirmando ser, na verdade, uma menina de 6 anos. "O canadense Paul era casado e tinha sete filhos, quando tentou suicídio duas vezes. Ele acabou achando esperança em uma comunidade de transgêneros de Toronto, no Canadá. Com isso, Paul, de 52 anos, largou a família e passou a se reconhecer como uma menina, Stefonknee Wolscht, de apenas 6 anos. Agora Stefonknee vive com pai e mãe adotivos, usa roupas infantis e passa seu tempo brincando e colorindo com seus pais". Cumpre apontar que os impactos desse reconhecimento podem ser devastadores. Será que Paul, ao assumir a identidade de gênero de uma menina de 6 anos, perdeu seus direitos de dirigir, votar, legar herança aos seus filhos? Porque, se ele realmente é uma menina de 6 anos, ele não é capaz, civilmente, de praticar diversos atos da vida adulta que uma pessoa de 52 anos é. E se Stefonknee, nessas condições, abusar sexualmente de uma mulher, isso configura estupro? Se tiver relações sexuais com alguém também de 6 anos, seria estupro de vulnerável, agravado socialmente pelo estigma da pedofilia? Ou seja, o “transecta- rismo” pode afetar sua imputabilidade penal? Essas e diversas outras questões surgem ao se atribuir uma índole puramente subjetivista ao gênero. Outro fruto desse subjetivismo exacerbado pode ser encon- trado nos Estados Unidos e no Canadá, onde tem crescido o fenô- meno segundo o qual algumas pessoas que se identificam com gêneros diferentes demandam o uso de pronomes alternativos ao se dirigirem a elas. São os chamados “ze pronouns”. De forma que os pronomes “he” ou “him” para homens (cis ou transexual) já não é suficiente, tampouco os pronomes “she” ou “her” para mulheres (cis ou transexual). A lei canadense Bill C-16 criminaliza as pessoas que se dirigi- rem a outras usando o pronome inadequado, ou seja, um pronome diferente daquele que ela se auto atribuiu. Aqueles que comemo- ram a aprovação dessa lei, como um sinal de avanço no tratamento da identidade de gênero, argumentam ainda que o uso dos “ze pronoums” deve ser adotado uma vez que, ao se dirigir a alguém, o próprio ato de fazer uma suposição acerca de seu gênero pode significar uma forma de violência. Portanto, o uso dos ze pronoums A multiplicidade de gêneros no século XXI 139