mundo. O socialismo consciente, portanto, humano e realista,
tem uma enorme missão na busca e introdução da justiça social.
Mas, sem uma autocrítica consistente e permanente, tende a cair
na vala comum do que foi chamado de letra morta da História.
É um momento de aprendizado. As novas gerações promovem
uma ruptura, e não apenas uma mudança. A realidade empírica
está a indicar o relativismo como alternativa, por entender que a
verdade é uma interpretação. Todos a procuram de maneira dife-
rente, embora sua função social não possa ser ignorada por
ninguém. A autocrítica permanente é um método recomendado
aos socialistas como forma de manterem-se alinhados à realidade
e de corrigirem desvios no curso de revoluções e de governos.
A Ala Vermelha do Partido Comunista do Brasil deixou uma bela
experiência sobre o tema.
Os conservadores chamam isso de avaliação, de reavaliação ou
de balanço. Nada contra. O filósofo marxista húngaro István
Mészáros (2006) observa que o pensamento marxiano não é um
sistema fechado, sagrado, que não possa ser modificado, retraba-
lhado, inclusive, com base em categorias externas que se mostrem
razoáveis. Para ele, a autocrítica é propulsora de novas visões e
táticas, mas, adverte, não necessariamente de avanços teóricos.
O problema estaria, de fato, nas categorias que a praticam. A “nova
esquerda” traz algumas reflexões que não podem ser ignoradas.
A prática da autocrítica está amparada no socialismo cientí-
fico de Marx. É inspiradora a advertência de Lukács, 30 anos
atrás: na raiz dos problemas nacionais, está uma modalidade de
oportunismo que é, talvez, a mais grave das deformações lega-
das por Stálin: em vez de utilizar os princípios teóricos gerais do
marxismo para corrigir a ação prática, os revolucionários subor-
dinam-se mecanicamente às necessidades imediatas, às exigên-
cias momentâneas da atividade política. “Com isso, renunciam a
uma das conquistas fundamentais da perspectiva marxista: a
unidade da teoria e da prática. A teoria fica reduzida à condição
de escrava da prática, e a prática perde sua profundidade revo-
lucionária”. Segundo o filósofo, os efeitos de semelhante situação
são catastróficos.
A perspectiva da autocrítica, reforçada no espaço da Lava-Jato
por mecanismos jurídicos inovadores, ajudaria muito a desanu-
viar o cenário que aí está. Incita a reflexão. As delações são uma
oportunidade rara para o desmonte da máquina de dominação
Socialismo: caminhando sobre um vazio de sentido
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