tarefas rotineiras, dão agilidade às informações e aos processos,
multiplicando a capacidade do sistema de produção e a reprodu-
ção dos recursos disponíveis. Tudo isso acontece muito tímido no
Brasil, por falta, não apenas de competência, mas também de um
arcabouço conceitual realista capaz de introduzir novas vanguar-
das e reinterpretações da História.
A nação compreende hoje uma força de trabalho da ordem de
80 a 90 milhões de trabalhadores, incluindo os informais, mas,
pelo menos, 15 milhões deles estão desempregados. Por sua vez,
reúne mais de 200 milhões de pessoas conectadas, entre si, das
quais 50 milhões de crianças, adolescentes e jovens no início da
vida adulta. São os representantes das novas gerações, que emer-
gem, sem convicções enraizadas na vitalidade da economia nacio-
nal, ou nos valores herdados dos curiosos visitantes e empresá-
rios estrangeiros, enfeitiçados pelas riquezas nacionais.
Caloteiros no paraíso
Uma candidata à Presidência da República do Brasil, nas elei-
ções de 2018, tinha em seu programa a proposta de dar um calote
na dívida pública – ver a experiência da Argentina – e no endivida-
mento externo, como se o mundo em que a nação brasileira está
inserido pudesse ser resumido à sua provincianidade. Os Bahá’ís,
desacreditados como minoria religiosa, sempre ensinaram que “A
Terra é um só mundo e, nós, humanos, seus cidadãos”.
Por causa de discursos fragmentários, quase odientos, como
aquele da candidata, o Brasil veio perdendo, aos poucos, a áurea de
“país do futuro” (ZWEIG,1941) . Chegou a ser considerado um Éden
pelos “viajantes estrangeiros”, para nos caracterizar como cida-
dãos dos trópicos. Essa visão entusiasmada de nossa identidade foi
interrompida, contudo, por discursos inconsequentes de dirigentes
irresponsáveis,e terminamos rebaixados moralmente, para ganhar
a pecha de “caloteiros” das agências internacionais de avaliação de
risco. A desonestidade política, o ufanismo barato, as visões
messiânicas geraram rupturas em todas as frentes da sociedade.
Estas contradições vão abrindo espaços para o afloramento de
uma comunidade interconectada, descrente das pretensas e apolo-
géticas mudanças analógicas, transitando cotidianamente por espa-
ços virtualizados, via dezenas de redes digitais: Twitter, Facebook,
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Aylê-Salassié F. Quintão