ros da Inquisição e da perseguição a protestantes, na Àfrica, e aos
Bahá’is, no mundo árabe – o ódio combina de maneira ampla a
frustração e a maldade.
Como metodologia revolucionária, o ódio ganhou espaço na
História, expandiu-se e vem sendo banalizado entre cidadãos,
sobretudo entre os mais jovens. Haja vista os atentados em esco-
las nos Estados Unidos, nas áreas periféricas no Brasil e, mais
recentemente, praticado pelo Estado Islâmico (EIL). Ganha adep-
tos em vários lugares no mundo, atravessando valores humanos e
o mal configurado ainda sentido da vida.
Parece que, ao contrário do que diz Edmund Burke, a História
não ensinou nada para os que vieram depois. Grandes desastres
humanos foram produzidos sucessivamente, devido ao cultivo do
ódio: na Alemanha, na Espanha, na União Soviética, na China,
nos Estados Unidos, na América Latina, na África entre popula-
ções tribais. Ele se apresenta assim, com várias faces, amparado
em discursos retóricos ou ideológicos, destruindo referenciais
identitários e milhões de vidas inocentes.
No Brasil, sem compromisso explícito com a unidade nacional
e a solidariedade regional, há quem chegue a defender a separa-
ção do Sul do resto do país. Mantidas as atuais condições, é um
problema para o futuro, uma revolta ou uma revolução em poten-
cial, uma ameaça incubada no país de 8 milhões de km 2 de exten-
são e de 206 milhões de habitantes, envolvendo uma parcela
significativa da população.
Com cenário histórico anuviado, o que se vê por aqui, nesses
anos vinte do início do século XXI, são as instituições responsá-
veis pela gestão do contrato social perdendo aos poucos a legitimi-
dade: o Executivo, inchado, chefiado por um presidente (vice)
teimosamente ocupado em sobreviver, e ineficiente na condução
das políticas públicas, omissão que contribui para o país submer-
gir a uma das mais graves recessões da história nacional.
O Legislativo isola-se cada vez mais da população. E o Judiciário
apresenta-se confuso e inconsequente diante dos problemas que
afetam a sociedade e a governança.
Importantes mudanças, ajustes e rupturas são contornadas
ad eternum, para preservar vantagens pessoais e privilégios de
classe. O Estado definha, tentando safar-se de suas responsabili-
dades ou competindo com a iniciativa privada, tomado por uma
camada de funcionários públicos e representantes corporativos
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Aylê-Salassié F. Quintão