À beira do precipício pd51 | Page 12

expresse em canais democráticos, mas o líder redentor que se coloca acima das instituições. Duas faces elitistas da mesma moeda, cujo resultado é a repro- dução da exclusão dos setores subalternos, tanto como agentes polí- ticos autônomos como tamb ém de detentores da riqueza nacional. Talvez nunca tenhamos vivenciado uma disputa eleitoral tão absurda e tão estranha, sobretudo considerando-se o atentado a Jair Bolsonaro, que o deixou fisicamente fora da campanha, até mesmo no segundo turno, e a escolha que o “chefe” Lula fez do candidato petista, à revelia da direção partidária, pois objetiva ter Fernando Haddad como o seu “pau mandado” no Palácio do Planalto. Na disputa de 7 de outubro, aguarda-se uma virada nessa ameaça que se vislumbra no primeiro turno das eleições, e tenha- mos, em 28 de outubro, a possibilidade de definir um caminho mais tranquilo para a escolha do novo presidente, que projete e realize uma gestão governamental que nos conduza a novos rumos. Os colaboradores de nossa publicação pontuam que o novo, isto é, o Brasil moderno, já existe na sociedade civil, na economia e nas instituições desenhadas pela Constituição de 1988. Mas, como é próprio das transições em nosso país, este novo está contaminado com elementos de permanência do passado que precisam ser superados. Os artigos nos alertam quanto aos percalços da difícil traves- sia. O país corre o risco de ficar vagando no deserto em adoração a vacas sagradas: os populismos à direita e à esquerda. Em suas instigantes análises, seus autores lembram que o novo será construído pelo acordo de mulheres e homens de dife- rentes setores políticos e sociais, dentro das normas de convivên- cia democrática da vida civilizada propiciada pelo Estado de Direito. Um trabalho paciente e diuturno que dispensa a ação de redentores efêmeros e requer o aperfeiçoamento de instituições sólidas e permanentes. Nas suas várias Seções, esta edição traz ricas colaborações, de autores os mais diversos, abordando temas curiosos e que merecem nossos estudo e reflexão, a fim de nos conduzirem a enfrentar a cada vez mais complexa e preocupante realidade que o mundo está vivenciando, e, dentro dele, o Brasil. Boa leitura! Os Editores