Editorial
N
esta edição, a de nº 51, em seu 18º ano de existência,
da revista Política Democrática, diferentes e competentes
autores debatem particularmente uma das mais difíceis
travessias vividas pelo Brasil. As análises traduzem o grande
dilema do país: o velho que insiste em permanecer e o novo que
ainda não consegue se estabelecer. Curiosamente, o velho está
representado por duas candidaturas regressistas.
Uma, saudosa do velho pronunciamento das casernas, tradi-
ção cara a certas elites autoritárias e que conta com a adesão de
uma grande parcela de homens e mulheres deste país, tem à
frente um capitão do Exército, já aposentado, e há quase 30 anos
com mandato de deputado federal, sem quase nenhuma contri-
buição ao Brasil e aos brasileiros, e com nada que lhe chame a
atenção que não seja sua rispidez e brutalidade no relaciona-
mento com as pessoas, seu projeto autoritário de governo decor-
rente de sua visão atrasada para acabar com a delicada crise em
que fomos envolvidos pelos 15 anos de lulo-petismo.
A outra, promete a volta do velho populismo de cariz varguista,
com o seu repertório arcaico e igualmente autoritário: o Estado
patrimonialista, à sombra do qual nossa elite se reproduz com
todo o séquito de privilegiados, e o desprestígio das instituições,
entre elas, os partidos. E, o mais grave, é que tudo indica que
poderemos ter o retorno ao comando efetivo do país de uma das
lideranças mais “malandras” da história nacional, que, tal como
o PCC (a quadrilha líder da bandidagem das drogas e da violência
urbana no país), dirigirá o país de dentro da sala do presidio em
Curitiba, na qual começou a cumprir pena de 12 anos, condenado
apenas no segundo dos oito inquéritos (os outros seis processos
são muito mais densos e graves) em que está envolvido.
Em comum, ambas as candidaturas propõem o velho salvacio-
nismo, no qual o sujeito político não é a sociedade civil que se