À beira do precipício pd51 | Page 109

Redução da maioridade penal, ­ uma polêmica inútil João Batista Pontes D iscute-se intensamente no Brasil a redução da maioridade penal como forma de diminuir a criminali­dade. E grande parte da sociedade parece acreditar que mandar mais jovens para as penitenciárias e aumentar as penas é uma alter- nativa para a solução deste grave problema social. Esquecem-se de que, para uma solução verdadeiramente eficaz, é preciso identificar e procurar corrigir as causas da margi- nalidade juvenil. E quais são as causas da crescente marginaliza- ção dos jovens? A origem deste problema está intrinsecamente ligada a fatores sociais: à pobreza, à miséria cultural, à falta de oportunidades para o desenvolvimento integral dos jovens, à desestruturação da instituição familiar. O jovem marginalizado não surge por um acaso: ele é fru­to de um estado de injustiça social, gerador de profun­das desigualdades e aprofundador da pobreza em que vive a maioria da nossa população. O Constituinte de 1988 reconheceu claramente que só atuando nas causas da marginalização dos jovens poder-se-ia desviá-lo da criminalidade. Por isso, ideali­z ou e explicitou na nossa Carta Magna (art. 227) uma Doutrina de Proteção Inte- gral às crianças e adolescen­tes, afirmando ser dever da família, da sociedade e do Estado a eles assegurar, com absoluta priori- dade, uma vasta gama de direitos, assim como discrimina uma sé­r ie de ações que deveriam ser desenvolvidas para a con­c retiza- 107