rem ascender às esferas de representatividade, em igualdade de
condições com brancos. A questão, que ainda nos premeia e que,
mesmo com investimentos pesados em educação, não teremos
garantias de que será resolvida, é a inviabilidade. Negros eram
invisíveis na casa grande, nos cortiços, e permanecem invisíveis
nas favelas. Conseguem romper esta invisibilidade em atos isola-
dos, em especial no futebol, no carnaval, em manifestações cultu-
rais específicas, religiosas, ou em situações de violência.
É preciso rompermos esta barreira da invisibilidade nas
universidades, nas empresas, no serviço público, nas esferas de
representação política. Tivemos o exemplo no STF da figura de
Joaquim Barbosa, o qual teve que lidar com sua figura negra o
tempo todo, seja em colunas de jornalistas, como Noblat, que o
avaliou não por seu desempenho como ministro, mas por ser
negro, no discurso do ex-presidente Lula, ou na própria homena-
gem de outro ministro do STF, ministro Luís Roberto Barroso, ao
qualificá-lo não como homem de valor, mas como preto de valor.
Somente com mais negros em espaços de representação e
destaque, é que iremos desmontar essa visão que primeiro vê a
cor da pele ao invés da humanidade inerente de cada um de nós.
A percepção de que todos somos humanos está ainda longe de ser
alcançada. Porém, com esforço conjunto de todos nós, humanis-
tas, que defendemos os direitos humanos, a paz entre povos e
indivíduos e como está no primeiro artigo da Carta de Declaração
dos Direitos da Virgínia de 1776: "Todos os homens nascem igual-
mente livres e independentes, têm direitos certos, essenciais e
naturais dos quais não podem, por nenhum contrato, privar nem
despojar sua posteridade: tais são o direito de gozar a vida e a
liberdade com os meios de adquirir e possuir propriedades, de
procurar obter a felicidade e a segurança".
Desigualdade histórica
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