À beira do precipício pd51 | Page 105

rem ascender às esferas de representatividade, em igualdade de condições com brancos. A questão, que ainda nos premeia e que, mesmo com investimentos pesados em educação, não teremos garantias de que será resolvida, é a inviabilidade. Negros eram invisíveis na casa grande, nos cortiços, e permanecem invisíveis nas favelas. Conseguem romper esta invisibilidade em atos isola- dos, em especial no futebol, no carnaval, em manifestações cultu- rais específicas, religiosas, ou em situações de violência. É preciso rompermos esta barreira da invisibilidade nas universidades, nas empresas, no serviço público, nas esferas de representação política. Tivemos o exemplo no STF da figura de Joaquim Barbosa, o qual teve que lidar com sua figura negra o tempo todo, seja em colunas de jornalistas, como Noblat, que o avaliou não por seu desempenho como ministro, mas por ser negro, no discurso do ex-presidente Lula, ou na própria homena- gem de outro ministro do STF, ministro Luís Roberto Barroso, ao qualificá-lo não como homem de valor, mas como preto de valor. Somente com mais negros em espaços de representação e destaque, é que iremos desmontar essa visão que primeiro vê a cor da pele ao invés da humanidade inerente de cada um de nós. A percepção de que todos somos humanos está ainda longe de ser alcançada. Porém, com esforço conjunto de todos nós, humanis- tas, que defendemos os direitos humanos, a paz entre povos e indivíduos e como está no primeiro artigo da Carta de Declaração dos Direitos da Virgínia de 1776: "Todos os homens nascem igual- mente livres e independentes, têm direitos certos, essenciais e naturais dos quais não podem, por nenhum contrato, privar nem despojar sua posteridade: tais são o direito de gozar a vida e a liberdade com os meios de adquirir e possuir propriedades, de procurar obter a felicidade e a segurança". Desigualdade histórica 103