atende a poucos.
Os saraus adotam um caráter de resistência, como
no fato citado, de fomento a ocupar espaços públicos,
mas também pelos versos proferidos, pela dança que
movimenta o corpo estigmatizado, da beleza que
na sociedade não tem vez por não se enquadrar nos
padrões ditados. Além da simples organização de um
evento que gire entorno de poesia, impulsionado pelo
fato desse perpassar os muros da Contorno, provan-
do à elite que na periferia há formas, há expressão, e
sobretudo, subversão.
Ao longo do tempo, devido aos fatores expressos,
entre outros, foram surgindo diversos saraus pela
cidade, tendo algumas maiores especificidades. Todos,
no entanto, afim de reformular uma realidade plural
e atingir um maior número de pessoas interessadas
em poética e que apoiem alternativas que invertam o
imposto.
Um dos primeiros Saraus – dessa atual leva –, o
Coletivoz, começou em 2008 em um bar na região
do Barreiro, periferia da cidade, sempre às quar-
tas-feiras. Hoje se estabelece na Casa de Cultura
Coletivoz, no bairro Olaria. Atua como espaço de
lançamento de livros, estudos sobre poesia, dentre
outros, além de ter incentivado a criação de demais,
como o Sarau Vira-Lata que surgiu em 2011 a partir
de um grupo de estudantes. Desde então, o sarau per-
corre Belo Horizonte e proximidades, como espaços
abandonados ou esquecidos da cidade.
Outro importante ambiente de partilha de litera-
tura e poesia é o Sarau Comum, que tem como sede
o Espaço Comum Luiz Estrela. O casarão, foi ocu-
pado por artistas, justamente motivados pela intenção
de retomar o local que não cumpria sua função social,
para manter sua preservação. Desde então, o encontro
acontece nas sexta-feira de quinze em quinze dias,
reunindo um público diverso e recebendo os princi-
pais poetas da cidade, além de visitantes de todo o
país.
Analisando a necessidade de criação de espaço
com certas especificidades, visando maior represen-
tatividade para que certos assuntos sejam pautados.
O Sarau das Cachorras, que se iniciou em virtude
do Dia das Mulheres, tem grande importância para
expressão de opressões, assédios, afetos e ressignifica-
ções que envolvem a vivência do gênero. Desde então,
acontece em espaços diversos da capital mineira,
como escolas, presídios e praças.
Em meio a uma cidade envolta por ações ad-
ministrativas de retirada de direito sociais, de forte
repressão e de marginalização da população negra
e periférica, a existência de uma rede social que se
organiza coletivamente em prol da arte e da poesia
é fundamental. Esta, fomenta a transformação e o
desenvolvimento da criatividade artística e da socie-
dade como todo, gerando sobre nós um sentimento
esperançoso em relação a um futuro mais justo e
igualitário.
Sarau "Mulheres da
Cultura Popular"
aconteceu em março,
parte do Sarau do
Lagoa do Nado
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