ZINT Jun. 2017 | Page 37

H á 40 anos, quando super-heróis estavam longe de ser o principal atrativo que leva as pessoas ao cinema, quando o termo blockbuster sequer existia e uma história destinada às grandes telas começava e terminava ali, George Lucas idealizou o primeiro capítulo de uma saga que mudou o mundo. Sua ideia seria responsá- vel por modificar a forma em que os estúdios, os cineastas e a sociedade enxergavam o cinema e que influenciou, direta e indiretamente, todas as obras da cultura pop feitas desde então. Quando Uma Nova Esperança chegou aos cinemas em maio de 1977, o filme veio com a promessa de uma história apaixonante e inovadora, apresentando um universo que levaria o expectador a um lugar em que ele nunca havia sequer imagi- nado. Pessoas do mundo inteiro entraram nas salas de cinema curiosos e saí- ram apaixonados, ansiando levar um pedaço daquele mundo para casa. Pesquisadores e estudiosos do cinema sempre tentam explicar o porquê da saga de George Lucas ser tão popular, enunciando com frequência sobre o fenômeno mercadológico que o jovem cineasta ini- ciou. Ainda, muitos especialistas apontam que Lucas soube explorar perfeitamente a filosofia de Joseph Campbell e sua “Jornada do Herói” na aplicação de conceitos e na construção de personagens do universo Star Wars, criando uma relação pessoal e mais catár- tica com o espectador. Contudo, só isso não explica a Força que a “galáxia muito, muito distante” exerce há 40 anos sobre o mundo. O segredo por trás do sucesso de Star Wars é a capacidade de contar por meio de um roteiro simples, uma história que aborda valores e temáticas univer- sais. George Lucas costuma dizer que sua franquia é, sobretudo, a história dos Skywalker e, portanto, uma história familiar que aborda questões como o amor de pai e filho, a busca de uma identidade própria, o desejo de pertencimento, a chance de fazer diferença para uma causa e muitas outras temáticas que viven- ciamos todos os dias no mundo real. Seja graças as aventuras de Luke Skywalker, de Anakin ou de Rey, o mundo criado por Lucas sempre atraiu novos apreciadores, superando barreiras gera- cionais para encantar com sua mitologia. Mesmo em momentos de fracasso de crítica (estou falando com você, trilogia prequel), novos aficionados acabam se encantando por essa possibilidade de viajar nesse universo fantasioso. Um aspecto funda- mental e que fortalece a franquia é a liberdade dada a todas as mentes criativas envolvidas no processo de criação de um universo expandido trans- mídia. Com centenas de jogos, HQs, séries anima- das de TV, livros e outros produtos, o universo de Star Wars parece infinito e, mais importante do que isso, pertence a seus fãs, responsáveis por mantê-lo vivo mesmo em períodos em que a franquia está em baixa. Ainda, Star Wars: Uma Nova Esperança é um dos marcos mais importantes para a indústria cine- matográfica contemporânea. Depois de passar pela maior crise de sua história no final dos anos 1960, Hollywood passou por uma reconfiguração estética, mercadológica e produtiva graças ao nascimento dos filmes blockbuster. O primeiro filme da franquia, jun- tamente com Tubarão (1975), de Steven Spielberg, foram os grandes responsáveis por levar milhões de espectadores as salas de cinema e alcançar bilheterias nunca antes vistas na indústria. A revolução tecnológica que os filmes de George trouxeram é outro ponto a ser explorado. Na trilogia original, a maneira em que os efeitos práticos foram utilizados foi inovadora. A possibilidade de dar vida a um personagem como Yoda, que era um simples fantoche manipulado pelo gênio Frank Oz, foi algo nunca antes visto no cinema, pelo menos não com tanta eficácia e profundidade. zint.online | 37