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á 40 anos, quando super-heróis estavam
longe de ser o principal atrativo que leva
as pessoas ao cinema, quando o termo
blockbuster sequer existia e uma história
destinada às grandes telas começava e terminava ali,
George Lucas idealizou o
primeiro capítulo de uma
saga que mudou o mundo.
Sua ideia seria responsá-
vel por modificar a forma
em que os estúdios, os
cineastas e a sociedade
enxergavam o cinema e
que influenciou, direta e
indiretamente, todas as
obras da cultura pop feitas
desde então.
Quando Uma Nova
Esperança chegou aos
cinemas em maio de
1977, o filme veio com a
promessa de uma história
apaixonante e inovadora,
apresentando um universo
que levaria o expectador
a um lugar em que ele
nunca havia sequer imagi-
nado. Pessoas do mundo
inteiro entraram nas salas
de cinema curiosos e saí-
ram apaixonados, ansiando levar um pedaço daquele
mundo para casa.
Pesquisadores e estudiosos do cinema sempre
tentam explicar o porquê da saga de George Lucas
ser tão popular, enunciando com frequência sobre o
fenômeno mercadológico que o jovem cineasta ini-
ciou. Ainda, muitos especialistas apontam que Lucas
soube explorar perfeitamente a filosofia de Joseph
Campbell e sua “Jornada do Herói” na aplicação de
conceitos e na construção de personagens do universo
Star Wars, criando uma relação pessoal e mais catár-
tica com o espectador. Contudo, só isso não explica a
Força que a “galáxia muito, muito distante” exerce há
40 anos sobre o mundo.
O segredo por trás do sucesso de Star Wars é a
capacidade de contar por meio de um roteiro simples,
uma história que aborda valores e temáticas univer-
sais. George Lucas costuma dizer que sua franquia é,
sobretudo, a história dos Skywalker e, portanto, uma
história familiar que aborda questões como o amor
de pai e filho, a busca de uma identidade própria, o
desejo de pertencimento, a chance de fazer diferença
para uma causa e muitas outras temáticas que viven-
ciamos todos os dias no mundo real.
Seja graças as aventuras de Luke Skywalker, de
Anakin ou de Rey, o mundo criado por Lucas sempre
atraiu novos apreciadores,
superando barreiras gera-
cionais para encantar com
sua mitologia. Mesmo em
momentos de fracasso de
crítica (estou falando com
você, trilogia prequel),
novos aficionados acabam
se encantando por essa
possibilidade de viajar
nesse universo fantasioso.
Um aspecto funda-
mental e que fortalece
a franquia é a liberdade
dada a todas as mentes
criativas envolvidas no
processo de criação de um
universo expandido trans-
mídia. Com centenas de
jogos, HQs, séries anima-
das de TV, livros e outros
produtos, o universo de
Star Wars parece infinito
e, mais importante do que
isso, pertence a seus fãs,
responsáveis por mantê-lo vivo mesmo em períodos
em que a franquia está em baixa.
Ainda, Star Wars: Uma Nova Esperança é um
dos marcos mais importantes para a indústria cine-
matográfica contemporânea. Depois de passar pela
maior crise de sua história no final dos anos 1960,
Hollywood passou por uma reconfiguração estética,
mercadológica e produtiva graças ao nascimento dos
filmes blockbuster. O primeiro filme da franquia, jun-
tamente com Tubarão (1975), de Steven Spielberg,
foram os grandes responsáveis por levar milhões de
espectadores as salas de cinema e alcançar bilheterias
nunca antes vistas na indústria.
A revolução tecnológica que os filmes de George
trouxeram é outro ponto a ser explorado. Na trilogia
original, a maneira em que os efeitos práticos foram
utilizados foi inovadora. A possibilidade de dar vida
a um personagem como Yoda, que era um simples
fantoche manipulado pelo gênio Frank Oz, foi algo
nunca antes visto no cinema, pelo menos não com
tanta eficácia e profundidade.
zint.online | 37