ZINT Jun. 2017 | Page 31

O vampiro do filme Nosferatu (1922) tornou-se um ícone da história do cinema, sendo uma das aparições mais memoráveis do Conde Drácula tornando referências estéticas para o cinema mun- dial. Foi ali que a obscuridade, tanto visual quanto narrativa, dos filmes de terror era experimentada e formatada. Ainda, o Expressionismo Alemão deixou um legado para o gênero de terror, no que diz respeito ao imaginário que os filmes refletiam. Se na época, a estética sombria, as narrativas oblíquas e as temáticas lúdicas eram uma reflexo do pessimismo e do amar- gor vivido na Alemanha pós-primeira guerra mun- dial, os filmes de terror, ao longo da história, também apresentam subtextos relevantes para os cenários aos quais foram produzidos. G ênero : H orror Quando o primeiro verdadeiro ciclo do horror tomou forma nos anos 30, os realizadores buscaram suas inspirações na literatura gótica. Por isso, este pri- meiro ciclo de filmes é conhecido como Ciclo Gótico e consistiu em um período de adaptações de criaturas consagradas da literatura e de contos fantásticos. Frankenstein (1931), A Múmia (1932), O Homem Invisível (1933) e o Lobisomem (1934), foram os filmes mais marcantes do período, e que foram bene- ficiados pelo studio system existente em Hollywood na época. Todas essas produções chegaram às telas sob o comando da Universal Pictures e definiriam um período de hegemonia do estúdio americano no gênero que duraria até a década de 40. O começo dos anos 40 não foi muito positivo para as produções de terror, uma vez que os filmes de monstros começavam a apresentar tramas repetitivas e pouco envolventes, causando um esgotamento do estilo estabelecido na década anterior. A Volta do Homem Invisível (1940), A Mão da Múmia (1940) e Frankenstein encontra O Lobisomen (1943) são exemplos de longas-metragens que acabaram por explorar ostensivamente das criaturas fantásticas, esgotando o mercado para estas produções. Curiosamente, por trás de alguns dos filmes dos anos 30, mas principalmente nas produções da déca- da de 40 e 50, havia uma clara representação de uma sociedade amedrontada com o avanço tecnológico. Filmes como Frankenstein e O Homem Invisível, que trabalhavam a criação de criaturas horripilantes por meio da ciência, representavam o pavor social perante o desconhecido que os avanços tecnológicos poderiam trazer. Também durante a década de 50, com o fim da Segunda Guerra e o inicio das tensões da Guerra Fria, a temática representada passa a estar ligada aos anseios da época: a eminente guerra nuclear e a inva- são comunista. Para o primeiro, filmes como O Dia em que a Terra Parou (1951), O Mundo em Perigo zint.online | 31