ZINT Jun. 2017 | Page 26

10 ANOS DE RATTATOUILLE: ”QUALQUER UM PODE COZINHAR” A queles que gostam de cozinhar sabem a força que as memórias de infância têm. Como na famosa Madeleine proustiana caída numa xícara de chá, provar um sabor que nos remete à infância aviva imediatamen- te as memórias estruturais, recriando a sensação de aconchego, de um mundo perdido onde nos sentía- mos protegidos e acalentados. As memórias de infância nunca vêm com um pra- to refinado e conceitual, é sempre a “confort food”, a “comida de alma” ou a como quiserem chamar. A cena que expressa o ápice suspense do ótimo filme Ratta- touille (2007), quando o sisudo, temido e carrancudo crítico de gastronomia se converte e se transforma ao provar o prato de sua infância que dá título ao filme, 26 | zint.online/ A animação da Pixar foi lançada em junho de 2007, aproveitando o boom dos produtos midiático sobre culinária, além de homenagear um famoso chef francês Renato Quintino expressa esta verdade, atestando o acerto dos roteiris- tas para retratar o universo de quem lida com comida. A cena é memorável não só ao transportar o crítico de imediato para os sabores da sua infância, mas ao celebrar a dificuldade de se fazer um prato simples. É sabido no meio da gastronomia que assar corretamente um frango ou fazer um bom omele- te é um teste para ser aceito em um restaurante. É necessário muita coragem e domínio da cozinha para fazer para um crítico de gastronomia uma rattatouile perfeita, bem apresentada e no ponto certo. Feito no começo do boom de filmes, programas de TV, competições e rankings de revistas que colo- caram a gastronomia no centro das atenções transfor- mando Chefs em celebridades, o filme acerta muito