Em 2006, o diretor Ridley Scott – que tem uma casa na Provença –
escolheu Gordes como cenário para o flerte entre Max Skinner (Russel
Crowe) e Fanny Chenal (Marion Cotillard) nas cenas do filme Um Bom
Ano. A praça onde fica o bistrô de Fanny não é nada considerando
a beleza da vista da cidade de longe, “pendurada” numa colina,
debruçada para o Luberon.
Fica em Gordes também a famosíssima Abadia de Sénanque,
circundada por campos de lavanda (secos nessa época do ano), um
dos cartões postais mais famosos da Provença. Distante cerca de 20
quilômetros de Gordes, em Bonnieux, fica o Château La Canorgue, a
casa do tio de Max Skinner no filme, mas melhor deixar os proprietários
em paz. A família faz questão de deixar os curiosos fãs de Russel Crowe
longe dos vinhedos e da casa onde funciona um ponto de venda do
vinho produzido naquelas terras. Só mesmo para quem for realmente
interessado, que fique bem claro.
De novo na estrada seguimos para Roussillon, famosa pela cor da terra
que muda de acordo com a intensidade da luz do sol, indo do laranja
ao vermelho escuro. Um burgo cor de ferrugem, com lojinhas que
vendem azeite, vinho e souvenir de todos os tipos. O vermelho dos
muros contrasta com o colorido das janelas e do verde da natureza
que abraça o lugar. Curiosa a recomendação aos turistas: evite as cores
claras porque a poeira vermelha gruda em tudo, dos sapatos às roupas.
Londrinenses pés vermelhos tiram isso de letra, claro.
Por que tudo é tão vermelho? Dizem que é culpa do sangue da bela
Sirmonde, que se jogou de uma falésia depois que o marido matou o
seu amante, um jovem trovador provençal. Ah, l’amour....
Seguimos viagem rumo aos meus sonhados campos de lavanda. Sem
ilusão de encontrar nenhuma florzinha, afinal era já era quase outubro,
cruzamos a região de Valensole. Da estrada, fazendas de lavanda com
aquelas plantações de perder de vista. Já estavam “carecas”, como
esperava que fossem estar, que pena.