Wink Wink Mag #22 | Page 88

Com quase 20 mil habitantes, L’Isle-sur-la-Sorgue é recortada por canais onde escorre a água do rio Sorgue com várias rodas d’água, verde de tanto musgo. A cidade é famosa pela quantidade de antiquários, perdendo apenas para a capital Paris. A arquitetura do centro não decepciona quem espera encontrar aquela paisagem de cartão postal, com restaurantes à beira da água, janelas com venezianas coloridas, bares, bistrôs, mercadinhos com bancas cheias de antiguidades e gente passeando sem pressa. É aqui que passaremos a nossa primeira noite, em uma “gîte” a poucos quilômetros do centro da cidade, um tipo de hospedagem muito comum na França, um tipo de pousada rural. No fim do dia, cansados e doidos por um bom jantar, seguimos a recomendação da proprietária da pousada e fomos para Fontainede-Vaucluse, lugar que não estava no nosso roteiro, motivo de agitação. Um lugar que não vimos antes na internet, no Google Street View! E agora? Fontaine-de-Vaucluse foi a primeira grande surpresa da nossa viagem. Um lugar que parece perdido no tempo, um tempo que não é o nosso, onde a poesia aparece em cada canto, um cenário de filme. A beleza desse lugar inspirou os versos de Francesco Petrarca, o mais famoso admirador dessas “claras, frescas e doces águas”. Imperdível a nascente do Sorgue, apenas cinco minutos a pé do centro, com águas cor de turquesa que brotam de uma gruta. Poderíamos ficar ali horas e horas, esperando o sol mudar de lado, mas a estrada nos chamava de volta. Ainda tínhamos que ir atrás do Russel Crowe. 90 WINK mag