Com quase 20 mil habitantes, L’Isle-sur-la-Sorgue é recortada por canais
onde escorre a água do rio Sorgue com várias rodas d’água, verde
de tanto musgo. A cidade é famosa pela quantidade de antiquários,
perdendo apenas para a capital Paris.
A arquitetura do centro não decepciona quem espera encontrar aquela
paisagem de cartão postal, com restaurantes à beira da água, janelas
com venezianas coloridas, bares, bistrôs, mercadinhos com bancas
cheias de antiguidades e gente passeando sem pressa. É aqui que
passaremos a nossa primeira noite, em uma “gîte” a poucos quilômetros
do centro da cidade, um tipo de hospedagem muito comum na França,
um tipo de pousada rural.
No fim do dia, cansados e doidos por um bom jantar, seguimos a
recomendação da proprietária da pousada e fomos para Fontainede-Vaucluse, lugar que não estava no nosso roteiro, motivo de
agitação. Um lugar que não vimos antes na internet, no Google
Street View! E agora?
Fontaine-de-Vaucluse foi a primeira grande surpresa da nossa viagem.
Um lugar que parece perdido no tempo, um tempo que não é o nosso,
onde a poesia aparece em cada canto, um cenário de filme. A beleza
desse lugar inspirou os versos de Francesco Petrarca, o mais famoso
admirador dessas “claras, frescas e doces águas”. Imperdível a nascente
do Sorgue, apenas cinco minutos a pé do centro, com águas cor de
turquesa que brotam de uma gruta. Poderíamos ficar ali horas e horas,
esperando o sol mudar de lado, mas a estrada nos chamava de volta.
Ainda tínhamos que ir atrás do Russel Crowe.
90 WINK mag