NATAL
Por Rosângela Vale
FotoS Fábio Pitrez
DOCE
TRADIÇÃO
Presentes em todo o mundo, os bolos de Natal têm
versões tão diferentes quanto saborosas
Para decorar a mesa da ceia e adoçar os paladares, o bolo de Natal é
uma tradição com raízes pelo mundo. Em cada país, ganhou sabores
e lendas diferentes; em todos eles, sorte, prosperidade e união familiar
são os principais ingredientes.
Uma das lendas mais antigas remonta à Europa do século 12, quando
as famílias se reuniam diante da lareira na véspera de Natal enquanto
um grande pedaço de lenha (cavaca) aquecia o ambiente. Era acesa
pelo mais jovem e pelo mais velho, depois de ter sido benzida pelo
chefe da família. As cinzas eram então guardadas, pois a elas se
atribuía o poder de proteger a casa no ano seguinte. O costume foi se
transformando com o tempo: um pequeno pedaço de lenha passou
a ser cercado de velas e folhas e colocado no centro da mesa como
decoração para lembrar a tradição.
Hoje, a cavaca de Natal é simbolizada por um bolo cor de madeira,
coberto de chocolate ou de creme de café, uma espécie de
rocambole recheado com creme de manteiga, salpicado com açúcar
(para lembrar a neve) e decorado com pequenos lenhadores e
cogumelos de merengue. Tipicamente francesa, a sobremesa nasceu
no final do século 19, no forno do historiador e confeiteiro Pierre
Lacam.
E se tradição define o assunto, impossível não mencionar o Bolo Rei,
muito popular em Portugal. Em forma de coroa, tem massa de pão
onde se misturam frutas cristalizadas, amêndoas, nozes e pinhões.
Carregado de simbologia, representa os presentes oferecidos pelos
Reis Magos ao Menino Jesus. Diz a lenda que quando viram a Estrela
de Belém anunciando o nascimento de Cristo, eles disputaram entre
si o direito de entregar ao menino os presentes que levavam. Para
pôr fim à discussão, um padeiro propôs fazer um bolo com uma
fava no interior da massa. Quem retirasse a fatia com a fava ganharia
a disputa. Histórias à parte, a ideia de prosperidade permaneceu no
decorrer dos séculos. Nos dias atuais, entretanto, o sortudo tem que
oferecer o Bolo Rei no ano seguinte.
Conceito parecido está presente no Christmas Pudding, o bolo inglês
de Natal. Segundo o costume, ele deve ser preparado pela dona da
casa, que deve mexer os ingredientes sempre no sentido horário.
Durante o preparo, cada membro da família mexe uma vez e faz
um pedido para o novo ano. No final, a dona da casa coloca uma
moeda na massa. De acordo com a tradição, quem encontrá-la na
sua fatia vai receber muita fartura. Preparado no primeiro domingo
do Advento, o bolo fica curtido no álcool por praticamente um mês
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antes de ser servido. A receita leva especiarias, manteiga e frutas secas.
A tradição do bolo de Natal existe até mesmo em países não
católicos, como o Japão, que celebra a data de um jeito bem
diferente, algo como o dia dos namorados. Chocolate, morango
e chantilly não podem faltar na receita do Christmas Cake, que se
popularizou na década de 1950. Os bolos se caracterizam por serem
pequenos, delicados e perfeitinhos. A ideia de romance associada à
data é tão forte que circula uma piada entre os japoneses se referindo
às moças solteiras com mais de 25 anos como bolos de Natal. Assim
como os doces não vendidos até o dia 25, as mulheres que não
se casam até essa idade seriam consideradas “velhas”. Ainda que
esse conceito seja ultrapassado no Japão dos dias de hoje, a piada
permanece.
Particularidades culturais à parte, no Brasil o bolo de Natal segue o
gosto do freguês. Dos bem decorados ao simplificados naked cakes,
as versões natalinas contemplam estilos e paladares diferentes. Para
quem não abre mão do visual colorido e da cobertura que lembra
a neve, o chef pâtissier Silmar Fraga, da Ópera Pâtisserie, sugere as
receitas com glacê real, mais resistente ao calor tropical. “Em bolos
recheados, a pasta americana derrete mais rapidamente”, explica. Ele
conta que o campeão de pedidos para a ocasião é o bolo trufado,
decorado com desenho de Papai Noel e mensagens diversas escritas
com glacê.
A versão natalina da Bolos do Frade, apesar de dispensar coberturas
elaboradas, é um presente para os olhos. Com o toque retrô
característico da marca, o Red Velvet Cake é feito com vinho tinto,
chocolate, baunilha, coco, um pouquinho de limão e corante
natural à base de beterraba e frutas vermelhas. “É macio, leve e bem
hidratado. Uma receita típica americana”, descreve o publicitário
Luiz Santi, responsável pelas delícias do lugar. Inédita, a receita é um
lançamento especial para este Natal. “Tem aparência nobre e faz a
diferença na mesa da ceia”, garante.
Se a ideia é ganhar a atenção das crianças, um toque lúdico é
indispensável. Que tal transformar morangos em minis Papais Noel?
Basta decorá-los com glacê, como sugere a confeiteira Marina Borges.
No bolo criado especialmente para a Wink, ela recheou a massa de
baunilha com trufa branca e doce de leite. Na cobertura de chantilly,
acompanham os morangos natalinos pequenas árvores de chocolate
tingidas com corante verde. Um gostinho de infância para adoçar
ainda mais essa data tão querida.