Vacinas 10 Anos HPV | Page 79

10 ANOS DE VACINAÇÃO CONTRA O HPV EM PORTUGAL MSD PREVENÇÃO CONTRA O HPV: PASSADO, PRESENTE E FUTURO “Em 1987 Harald zur Hausen descobriu que o HPV era a causa do cancro do colo do útero. Desde então o progresso foi muito rápido. Na década seguinte, uma segunda descoberta foi essencial nesta história - o desenvolvimento, através de tecnologia recombinante, de partículas semelhantes ao vírus (VLPs). E na década seguinte as vacinas estavam disponíveis. Portugal - um país com um dos programas nacionais de vacinação mais bem organizados a nível mundial e mais bem aceites pela população – muito rapidamente viu a oportunidade oferecida pela vacinação universal de raparigas contra o HPV e incluiu-a no PNV em 2008 para raparigas de 13 anos, com vacinação de campanha para as raparigas de 17 anos. Nessa altura, o programa de rastreio do colo do útero estava bem estabelecido na região centro do país, mas estava ainda a dar os primeiros passos ou não existia noutras regiões. Foi rapidamente alcançada uma cobertura vacinal muito elevada e posteriormente mantida. Esta é uma conquista notável, dado que a vacina é administrada nos centros de saúde e não nas escolas - um cenário considerado essencial em muitos outros países para obter alta taxas de vacinação de crianças e adolescentes em idade escolar - e é um testemunho do alto nível de organização do Ministério da Saúde, da Direção- Geral da Saúde e de todos os profissionais envolvidos na implementação do PNV bem como do apoio público à imunização existente em Portugal. O importante impacto da vacina na prevalência de infeção, na incidência de verrugas genitais e de lesões cervicais pré-invasivas e invasivas observado noutros países, é expetável em Portugal. E é expetável também a redução do cancro do colo do útero e de outros cancros associados ao HPV. A mudança para a nova vacina 9 valente ocorrida em 2017, irá melhorar ainda mais os resultados do programa. Mas há desafios para o futuro, entre os quais se encontram a inclusão dos rapazes adolescentes no programa e a manutenção de altas taxas de vacinação. E estas duas questões estão relacionadas. As raparigas vacinadas fornecem proteção indireta aos rapazes heterossexuais. Mas o inverso também pode ser verdade e, particularmente se ocorrer uma descida da cobertura vacinal ou se esta apresentar assimetrias, o valor da imunização dos rapazes aumenta rapidamente porque, para além da proteção direta, também eles previnem indiretamente a doença no sexo feminino. Embora possamos estar justamente orgulhosos das nossas conquistas de saúde pública através da vacinação, não podemos nem devemos assumir que a desinformação e suas consequências nunca nos afetarão. Manter estratégias baseadas na melhor evidência científica ajustada ao país, investir na formação e informação de qualidade para os profissionais de saúde e para a população, fortalecerá e protegerá os programas vacinais no futuro.” Fernanda Rodrigues Pediatra, Hospital Pediátrico, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra Presidente da Sociedade Portuguesa de Pediatria 77