VISTO POR
André Frazão.
Geração
X
A minha
geração
tem nome
de variável
e a tua
também.
VISTO POR
André Frazão.
Quando a conversa lá em casa
tomava o rumo “Eu, na tua
idade, já fazia e já acontecia”,
era um óbvio sinal de “caso
mal parado”, e invariavelmente
acabava com a certeza que
tempos diferentes também
fazem pessoas diferentes.
Paradoxalmente, esta certeza
não deve ter ficado assim
tão vincada, porque, volta
não volta, dou por mim a
cair na tentação de dizer
o mesmo aos meus filhos,
ou de comentar a atitude
daqueles que nos últimos anos
entraram na Novabase e que, a
propósito, são já a maioria dos
colaboradores:
“Parece impossível, tu
lembras-te que no nosso
tempo, nem era preciso o
Gestor de Projecto pedir para
ficarmos? Nós sabíamos que
a noite ou fim de semana
eram para sacrificar. Agora,
chego a ter vergonha de
pedir à equipa uma noitada.”
Encastrada entre os chamados
Baby Boomers e esta geração
Y, a minha geraçã o X abrange
todos aqueles que nasceram
TONIC 64
entre os finais dos anos 60
e o início dos anos 80. Por
definição, esta é a primeira
geração que trabalha para
viver em oposição do racional
viver para trabalhar. Ora, se
se trata de viver, que seja em
grande, e para viver em grande
é preciso ganhar muito e para
se ganhar muito é preciso
trabalhar em conformidade,
evoluir rapidamente, mudar
de emprego sempre que
financeiramente a
mudança justifique.
A geração
das pistolas
com chumbos
de pólvora
Explicado o racional, cabe
dizer, que esta geração não só
se excede a trabalhar como
consegue boas prestações a
viver, sempre que o trabalho
o permite. Mais ainda, esta
minha geração X, aprendeu na
infância, tudo o que se pode
saber sobre sobreviver.
Crescemos num ambiente que
nos torna verdadeiros heróis
da sobrevivência. Viajámos em
carros que não tinham cintos
de segurança e cujo número
de ocupantes máximo era
um conceito vago extensível
ao porta-bagagens. Os nosso
brinquedos tinham peças
ínfimas e eram quase todos
pintados com tintas cuja
toxicidade pouco importava.
As pistolas tinham fulminantes
ou pequenos cartuchos de
pólvora, e os carrinhos de
rolamentos eram construídos
por nós com ferramentas
para adultos. Andámos de
patins, de skate e bicicleta
sem capacetes, joelheiras ou
cotoveleiras. Pasme-se, as
embalagens de medicamentos
não tinham qualquer
mecanismo que dificultasse o
acesso aos mesmos. Na escola
chumbávamos por faltas ou
por maus resultados sem que
fosse necessário um relatório
que justificasse o chumbo, e
casos houve, em que a régua
servia fins que nada tinham a
ver com métricas.
Tomávamos banho com
sabonetes e champôs com
PH’s inadmissíveis e a data de
TONIC 65