TONIC 4 May.2014 | Page 64

VISTO POR André Frazão. Geração X A minha geração tem nome de variável e a tua também. VISTO POR André Frazão. Quando a conversa lá em casa tomava o rumo “Eu, na tua idade, já fazia e já acontecia”, era um óbvio sinal de “caso mal parado”, e invariavelmente acabava com a certeza que tempos diferentes também fazem pessoas diferentes. Paradoxalmente, esta certeza não deve ter ficado assim tão vincada, porque, volta não volta, dou por mim a cair na tentação de dizer o mesmo aos meus filhos, ou de comentar a atitude daqueles que nos últimos anos entraram na Novabase e que, a propósito, são já a maioria dos colaboradores: “Parece impossível, tu lembras-te que no nosso tempo, nem era preciso o Gestor de Projecto pedir para ficarmos? Nós sabíamos que a noite ou fim de semana eram para sacrificar. Agora, chego a ter vergonha de pedir à equipa uma noitada.” Encastrada entre os chamados Baby Boomers e esta geração Y, a minha geraçã o X abrange todos aqueles que nasceram TONIC 64 entre os finais dos anos 60 e o início dos anos 80. Por definição, esta é a primeira geração que trabalha para viver em oposição do racional viver para trabalhar. Ora, se se trata de viver, que seja em grande, e para viver em grande é preciso ganhar muito e para se ganhar muito é preciso trabalhar em conformidade, evoluir rapidamente, mudar de emprego sempre que financeiramente a mudança justifique. A geração das pistolas com chumbos de pólvora Explicado o racional, cabe dizer, que esta geração não só se excede a trabalhar como consegue boas prestações a viver, sempre que o trabalho o permite. Mais ainda, esta minha geração X, aprendeu na infância, tudo o que se pode saber sobre sobreviver. Crescemos num ambiente que nos torna verdadeiros heróis da sobrevivência. Viajámos em carros que não tinham cintos de segurança e cujo número de ocupantes máximo era um conceito vago extensível ao porta-bagagens. Os nosso brinquedos tinham peças ínfimas e eram quase todos pintados com tintas cuja toxicidade pouco importava. As pistolas tinham fulminantes ou pequenos cartuchos de pólvora, e os carrinhos de rolamentos eram construídos por nós com ferramentas para adultos. Andámos de patins, de skate e bicicleta sem capacetes, joelheiras ou cotoveleiras. Pasme-se, as embalagens de medicamentos não tinham qualquer mecanismo que dificultasse o acesso aos mesmos. Na escola chumbávamos por faltas ou por maus resultados sem que fosse necessário um relatório que justificasse o chumbo, e casos houve, em que a régua servia fins que nada tinham a ver com métricas. Tomávamos banho com sabonetes e champôs com PH’s inadmissíveis e a data de TONIC 65