Suplementos Porto de Mós - Tradição e Modernidade | Page 20
Miguel Goulão, vicepresidente da Assimagra
“Porque não uma unidade
hoteleira esculpida na pedra?”
Há três anos, participou na
conferência promovida
pelo REGIÃO DE LEIRIA
em Porto de Mós com o
tema “Indústria da Pedra:
o equilíbrio ambiental e a
valorização económica”.
Na altura, afirmou que
se pretendia “alterar o
paradigma” da indústria
extrativa. Avançou-se nesse
sentido?
Avançou-se. Infelizmente não
temos o processo concluído que eu nessa conferência
anunciei, que era toda a parte
do planeamento que ia ser
efetuado no Maciço Calcário
Estremenho, mas está parte
dele feito. Temos praticamente
concluídos os PIER (Planos de
Intervenção em Espaço Rural),
que é no fundo aquilo que vai
permitir ao sector ter um conjunto de regras com as quais
vai ter que conviver. Até agora
o que existia era apenas um
plano de pormenor do Parque
[Parque Natural das Serras de
Aire e Candeeiros] que remetia para um hipotético plano
de pormenor que teria que
ser feito pelos diversos municípios que o integram. Agora,
com estes planos, deixa de
haver essa subjetividade para
passar a haver uma objetividade. Aquilo que a Assimagra
se propôs fazer está praticamente concluído. Apenas não
está concluído no caso dos
Moleanos.
A Assimagra - Associação Portuguesa
dos Industriais de Mármores, Granitos
e Ramos Afins representa os interesses
dos industriais do sector das rochas
ornamentais. É uma entidade privada sem
fins lucrativos e tem neste momento 240
associados. A sua origem remonta a 1964
como grémio nacional que, após o 25 de
Abril, deu lugar à Assimagra
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Região de Leiria — 13 novembro, 2014
Somos uma atividade que consegue dar um valor económico
ao território que muito poucas
atividades conseguem. Muitas
vezes, estamos presentes em
zonas onde mais nenhuma atividade económica consegue estar.
Conseguimos contribuir para o
desígnio da coesão territorial”
É muito importante que tenhamos a perspetiva de que é possível darmos valor económico ao
território de forma a deixá-lo em
condições para que outras atividades possam surgir, em condições melhores do que aquelas
que encontrámos”
O que permitem esses planos
fazer exatamente?
Permitem que, a partir de agora, saibamos concretamente o
que podemos fazer no território. Até então o que havia era
a possibilidade de eu adquirir um determinado terreno e,
nesse terreno, poder ser feita
qualquer coisa. Tanto podia
ser uma habitação como uma
pedreira e isso na nossa perspetiva não dá estabilidade a
ninguém.
dos àquilo que são as realidades dos territórios? Não
estão. O que estamos a fazer é
de maior pormenor, estamos
a fazer um plano de pormenor para a indústria extrativa
nestes locais de maior sensibilidade. Saber exatamente o
que fica onde e como podemos compatibilizar isso com
as habitações existentes. Há
um aproveitamento claro do
que é a falta de regulamentação do uso do solo e eu penso
que é tempo – já temos uma
maturidade enorme relativamente aos nossos planos de
ordenamento – de fazer melhor. Aqueles PDM de primeira
geração estão perfeitamente
desadequados. Muitas vezes,
mesmo na raiz, foram mal executados, não previram a existência das atividades na sua
grande maioria. É tempo de
começarmos a fazer diferente.
Mas os Planos Diretores
Municipais (PDM) já colocam
regras na utilização do
território…
Mas os PDM estão adequa-
Em que ponto está Porto de
Mós?
Está concluído. Temos dois
PIER, um feito na zona do Codaçal e outro na Portela das
Salgueiras.
E o próximo passo, qual será?
Durante o mês de novembro
vamos fazer reuniões com as
câmaras para ver a versão final e depois disso os planos
são entregues nas entidades
que os aprovam.
A questão ambiental sai
salvaguardada nestes
planos?
Somos uma atividade que
consegue dar um valor económico ao território que muito
poucas atividades conseguem. Muitas vezes estamos
presentes em zonas onde
mais nenhuma atividade económica consegue estar. Conseguimos contribuir para o
desígnio da coesão territorial.
No caso de Porto de Mós não
estamos a falar de um concelho com esta identidade, mas
sendo um concelho onde a
sua principal atividade económica é a exploração da pedra,
quando ela deixar de existir, o
que vai ser daquele território?
É importante que comecemos