Sofrimento | Page 11

SANTOS QUE SOFRERAM: JÓ isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza" (Jó 42:2-6). A Realidade do Sofrimento Sofrer por coisas que podemos medir, compreendendo as justiças e injustiças que praticamos, é uma bússola poderosa. Nós mudamos nosso curso, consertamos relacionamentos e ajustamos as coisas entre nós e o Senhor. E esperamos que Satanás esperneie diante do progresso da obra de Deus. Mas sofrer por coisas que não podemos resolver, como Jó em sua desolação, leva ao verdadeiro desespero. As lamentações de Jó estão cheias de dúvidas, ansiedade, medo, saudade e confusão. O sofrimento emocional balança o físico, suga o ânimo e amplifica a dor. A imagem de Jó sentado em cinzas e raspando sua pele com telha quebrada já diz tudo. Estudando seus olhos vazios, suspiros apáticos e espírito quebrado, até seus amigos falantes retiveram a língua por uma semana. Jó temia a Deus. Sua história nos diz que ele queria o que era certo e santo. Ele era um adorador e conhecia seu Senhor (Jó 1:1,5). Houve promessas, proteção e bênçãos. Deus era seu amigo (Jó 29:4). Dada a proximidade deles, não é de admirar que ele se sinta abandonado e sem esperança, após não conseguir sentir Deus nas trevas. Tudo o que Jó conhecia lhe dizia que Deus estava lá, na escuridão, mas onde? Ninguém pode ver nessas trevas. Não há palavras tranquilizadoras; seu choro ecoa no silêncio. A tentação de desistir de tudo – de sua esperança, dele próprio e até de seu Deus – parece grande. Essa é a realidade do sofrimento pelo desconhecido, e ninguém está imune. A Reação do Sofredor Duas vezes Deus aponta e diz: "Observaste o meu servo Jó?" (Jó 1:8; 2:3). Parece haver uma profunda satisfação em relação a Jó no coração de Deus. Meu servo. Certamente essas provações, por mais difíceis que fossem, não foram as primeiras atravessadas pelo servo de Deus. Aqui, através das maiores dores e perdas, sem saber por quê, Jó suportou. Ele sempre pôs sua confiança em Deus, e não seria agora que Jó desistiria Dele. "Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso." (Tiago 5:11) Outra das coisas marcantes da experiência de Jó é que, embora ele não desistisse de Deus, Jó desistiu de seus próprios sentidos. A maneira como ele conhecia, falava, ouvia, via e sentia o mundo à sua volta falharam por causa do pecado. Obscureceram sua resposta a Deus: "Falei do que não entendia; coisas que para mim eram maravilhosíssimas... Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te veem os meus olhos. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza" (Jó 42:3-6). Quando Jó ergueu os olhos por sua própria experiência e reconheceu a Deus, tudo mudou! "Bem sei eu que tudo podes, e nenhum dos teus pensamentos pode ser impedido." (Jó 42:2) Ao deixar seus sentimentos para trás, a paz e a recuperação vieram unicamente de Deus. O Resultado da Aflição Em nossa própria experiência, quando lutamos com o motivo das aflições, passamos a repetir a frase "Deus sabe de tudo". Talvez seja uma coisa simples, mas é um lembrete do que Jó aprendeu: que nós, nossa compreensão e nossos sentimentos desbotam diante do Todo-Poderoso. De fato, eles podem se tornar uma armadilha para nós e nos distrair dele, o Todo-Suficiente. As pessoas afirmam, talvez por compreenderem mal as Escrituras, que Deus não lhe dará mais do que você pode lidar. Talvez Jó tenha aprendido, e nós também podemos aprender, que Deus não nos dará nada que Ele não possa lidar. Amados, quando aquilo que não conhecemos inunda nossa alma, nós suportamos, conhecendo o Deus que é sempre bom e sempre justo. Ele está sempre lá, para o crente na escuridão. 11