Saúde Coronária - Dia do Doente Coronário | Page 8
CONTROLO DO RISCO
CARDIOVASCULAR
Victor Gil
Coordenador da Unidade
Cardiovascular do
Hospital dos Lusíadas.
Prof. da Faculdade
de Medicina da
Universidade de Lisboa
É
de todos conhecido, sobretudo a
partir da análise de grandes estudos
epidemiológicos como o de Framingham, que um conjunto de fatores contribuem para o risco de doença aterosclerótica - os chamados Fatores de Risco. Podem
fazê-lo individualmente, quando a sua gravidade seja particularmente acentuada ou
associando-se a outros fatores de risco,
mesmo que cada um por si só tenha uma
gravidade apenas moderada.
Este conceito de risco cruzado e da associação de fatores de risco tem sido objeto de grande atenção, as organizações
científicas europeias desenvolveram sistemas e tabelas capazes de calcular o risco
individual em função das características de
cada doente. Inúmeros estudos epidemiológicos e ensaios clínicos permitiram estabelecer com alguma precisão o “peso”
relativo dos vários fatores de risco, bem
como os alvos a atingir para lograr uma
melhoria da saúde cardiovascular. Muitas
vezes classificam-se os fatores de risco nos
que são corrigíveis e nos que não o são,
ou apenas o são em parte. Comecemos
pelos primeiros:
Tabaco – O tabaco aumenta o risco coronário duas a três vezes e potencia outros fatores de risco. Os fumadores passivos também estão em risco ( mais 30%) e
não há evidência de que os filtros ou outras
modificações dos cigarros reduzam o risco.
Deixar de fumar, processo para o qual muitas técnicas têm sido propostas, mas que
assenta sobretudo na determinação e força de vontade, vale a pena: após deixar de
fumar, o risco reduz-se para valores quase
normais em menos de um ano. Um homem de 35 anos que deixe de fumar tem
A doença aterosclerótica, essencialmente caracterizada
pela progressiva deposição de colesterol na parede das
artérias, provocando a sua obstrução progressiva, muitas
vezes complicada pela oclusão aguda devido à formação
de trombos intravasculares, está na origem da causa principal
de mortalidade nos países desenvolvidos: a doença cardio
e cerebrovascular
« Os estudos
têm mostrado
resultados
controversos
quanto ao impacto
do café no risco
cardiovascular,
existindo mesmo
estudos que
mostraram
ausência de
efeito ou mesmo
efeito protetor
para consumos
moderados»
a probabilidade de viver mais três a cinco
anos, em média.
Após enfarte do miocárdio, a cessação do
tabaco reduz em 50% o risco de recorrência do enfarte. A agressão vascular provocada pelo tabaco é multifatorial e compreende entre outros :
Risco aterogénico: aumenta os níveis de
produtos oxidados incluindo as LDL (lipoproteínas de baixa densidade que tendem
a depositar colesterol nas artérias: “mau
colesterol”; diminui os efeitos cardioprotectores das HDL, lipoproteínas de alta
densidade que tendem a remover colesterol das artérias (“bom colesterol”)
Aumento da reatividade vascular:
agressão endotelial (revestimento inter-
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no das artérias) por efeito da nicotina e
do monóxido de carbono.
Risco trombogénico: aumenta os níveis
de fibrinogénio e aumenta a agregabilidade das plaquetas sanguíneas, criando condições favoráveis à formação de trombos
(coágulos) dentro das artérias.
Colesterol – A elevação das gorduras no
sangue, colesterol e triglicéridos, com destaque para o primeiro, constitui um dos mais
importantes riscos para a progressão da
arteriosclerose (doença obstrutiva das artérias), encontrando-se fortemente associado
à doença das coronárias (angina de peito
e enfarte). As lipoproteínas (frações do colesterol) são também importantes, uma vez
que o “bom” (HDL) colesterol e o “mau” (LDL)
colesterol são isoladamente fatores de risco
se estiverem respetivamente baixo e elevado. Atualmente dá-se grande importânci