Saúde Coronária - Dia do Doente Coronário | Page 10
Reabilitação
Como anda o colesterol
dos portugueses?
As doenças cardiovasculares
(DCV) são a principal causa
de mortalidade em Portugal e
também uma importante causa
de incapacidade, sofrimento e
uso de recursos económicos
E
stas doenças devem-se essencialmente à aterosclerose. As suas
consequências clínicas mais importantes – o enfarte agudo do miocárdio
(EAM), o acidente vascular cerebral (AVC)
isquémico e a morte – são frequentemente súbitas e inesperadas. Cerca de 90%
dos EAM e dos AVC são atribuíveis a um
estilo de vida inapropriado e a fatores de
risco modificáveis. No conjunto, estes factos demonstram o enorme potencial das
medidas de prevenção contra as DCV e a
necessidade de uma atitude pró-ativa na
abordagem do risco cardiovascular.
A maioria das DCV tem origem na aterosclerose – nome dado à acumulação de
gordura (colesterol “mau”) na parede das
artérias. Quando o sangue é rico em colesterol “mau”, a aterosclerose está naturalmente facilitada e, por isso, o aparecimento das DCV também. Ter um sangue rico
em colesterol significa, concretamente,
ter mais de 310 mg/dl de colesterol total
ou mais de 230 mg/dl de colesterol “mau”
(cientificamente conhecido como colesterol-LDL). Estas pessoas devem obrigatoriamente tomar medicamentos para reduzir
o seu nível de colesterol no sangue; mais,
porque estes valores muito elevados de
Carlos Aguiar
Cardiologista
do Hospital Santa
Cruz, Coordenador
do Estudo VIVA da
Sociedade Portuguesa
de Cardiologia
«Cerca de 90% dos
EAM e dos AVC são
atribuíveis a um estilo
de vida inapropriado
e a fatores de risco
modificáveis»
colesterol têm frequentemente uma base
genética, justifica-se analisar o colesterol
dos familiares em primeiro grau.
Contudo, o colesterol não é o único fator de risco para as DCV. Outros fatores de
Quem deve estar preocupado
com o colesterol? Todas as
pessoas que já sofreram um problema
cardiovascular; os diabéticos; todos
os homens com pelo menos 40 anos
de idade; todas as mulheres com pelo
menos 50 anos de idade, ou que já
tenham concluído a menopausa; todas
as pessoas com história familiar de DCV
em idade prematura; todas as pessoas
com história familiar de colesterol elevado; todas as pessoas que têm um
ou mais fatores de risco para DCV.
O colesterol “não dói”.
O estudo VIVA mostra que apenas 30% dos
portugueses adultos com risco elevado
de DCV tomam um medicamento para
baixar o colesterol. Mais de metade dos
indivíduos com risco elevado e medicados,
não têm o colesterol controlado. O VIVA
mostra que 49,5% dos portugueses adultos
têm o seu nível de colesterol acima do
recomendado para o seu grau de risco
de DCV. É necessário combater o excesso
de colesterol, pois ele é diretamente
responsável por pelo menos 30% de todas
as DCV no mundo.
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risco incluem, por exemplo, a pressão arterial, o fumo de tabaco, a diabetes, a obesidade abdominal e o sedentarismo. Todas
estas condições facilitam a acumulação de
colesterol na parede das artérias. Assim,
um indivíduo que tenha pouco colesterol
no sangue, mas que tenha muitos outros
fatores de risco pode ter mais lesões ateroscleróticas nas artérias – e, portanto,
mais razões para sofrer uma DCV e até
morrer disso – que um indivíduo com uma
quantidade maior de colesterol no sangue,
mas que não tenha nenhum outro fator
de risco. Na decisão de tratar ou não o
colesterol, o médico primeiro avalia o risco
de DCV do indivíduo – esta avaliação é feita
com a ajuda de ferramentas eletrónicas
que ponderam todos os fatores de risco
presentes – e quando o risco é elevado,
prescreve um medicamento para baixar
o colesterol, mesmo que este não esteja
muito elevado. As pessoas com risco elevado de DCV são as seguintes: todas as que
já tiveram um problema cardiovascular
(como um EAM ou um AVC); os diabéticos; os insuficientes renais crónicos; os
indivíduos com múltiplos fatores de risco;
os que têm valores muito elevados de colesterol ou de pressão arterial.
Um estudo efetuado pela Sociedade
Portuguesa de Cardiologia – estudo VIVA
– avaliou o risco de DCV da população
portuguesa adulta residente no território
continental. Participaram 10 008 indivíduos de 44 concelhos. Para além da resposta
a um inquérito, mediu-se o peso, o perímetro abdominal, a pressão arterial e os
níveis de colesterol e de glicose no sangue
a todos os participantes. Estes resultados
permitem conhecer a probabilidade de
morrer por DCV nos próximos dez anos.
Quando esta probabilidade é superior ou
igual a 5%, diz-se que o indivíduo tem risco
cardiovascular elevado; quando entre 1%
e 5%, é moderado e quando inferior a 1%
é baixo.
O estudo VIVA concluiu que um em
cada quatro portugueses tem uma elevada probabilidade de morrer de DCV nos
próximo dez anos. Quase metade dos portugueses com risco elevado de DCV não
têm quaisquer sintomas e só a avaliação
pelo seu médico assistente pode revelar
esse risco e informar uma estratégia de
prevenção.
Cardíaca
A Reabilitação Cardíaca (RC)
é uma intervenção global,
com vários componentes, em
que é mais recon X