Riscos que nos ameaçam PD50 | Page 89

A materialização desta integração acontece quando novos contra- tos acontecem. Contratos de compra e venda de mercadorias e serviços nos mercados spot, contratos de compra e venda de M&S com garantia firme de suprimento em suply chains e contratos de capital em joint ventures, fusões, aquisições e participações mino- ritárias. A presença e o investimento de empresas brasileiras em outros mercados é fundamental para que as oportunidades surjam e se concretizem em novos contratos. Fundos de investimento desempenham um papel fundamental nos negócios internacionais e seus gestores são hoje os principais atores do mercado internacional. Os executivos das empresas que são global players, CEOs, CFOs, conselheiros, consultores e gerentes trabalham em regimes rigorosos de metas de desempe- nho sempre com remuneração variável em função do resultado e possuem uma rotatividade muito maior do que nas empresas produtivas do passado. Os fundos participam temporariamente de inúmeras operações (empresas), buscando sempre melhorar sua performance em termos de retorno dos investidores. Os governos também mudaram sua maneira de intervir e incentivar o que interessa aos seus países. Fóruns multilaterais, diplomacia comercial e acordos bilaterais são decisivos e ocupam os agentes governamentais que precisam ser preparados para estas tarefas. A relação de parceria e cumplicidade entre o inte- resse do país e o mundo dos negócios não pode se degenerar em tenebrosas transações mafiosas, nem ser transformada em rela- ções de compadrio, nem a política industrial deve institucionali- zar o capitalismo de laços. Bancos de investimento e de comércio exterior estatais também desempenham um papel relevante no processo de integração e na concretização de novos negócios. O livro Porque as nações fracassam, de Daron Acemoglu e James Robinson, já é um novo clássico. Sua receita para o sucesso é a adoção de instituições econômicas e políticas includentes, que são capazes de reconhecer, incentivar e premiar comportamentos inovadores que agregam valor e também coibir praticas predató- rias “extrativistas” que capturam renda da sociedade por meca- nismos espúrios. Uma política industrial que articule agentes públicos e privados para objetivos comuns de integração competi- tiva e desenvolvimento sem promiscuidade precisa funcionar e ser reconhecida como sendo uma instituição includente, capaz de angariar o respeito e a confiança da sociedade e dos mercados. Para pensar uma política industrial contemporânea 87