Riscos que nos ameaçam PD50 | Page 88

competitiva já iniciada no governo Temer no setor de petróleo e energia. A reforma do sistema financeiro, dos bancos e fundos públicos e o fortalecimento do mercado de capitais também devem ser tratados tanto para dar sustentabilidade fiscal ao equilíbrio macroeconômico quanto para viabilizar a poupança interna e o investimento produtivo. A fina nceirização e a globalização são características do mundo dos negócios, no século XXI, e uma nova política industrial não pode ser mercantilista nem autárquica. O Brasil não se beneficiou da expansão de cadeias globais de valor como os países em desenvolvimento que forçaram sua inte- gração, nos últimos anos, e passaram a se apropriar de uma parcela maior da renda mundial. Como é sabido, a recaída nacio- nal desenvolvimentista, promovida nos governos Lula-Dilma, fez o contrário, incentivou a substituição de importações e o adensa- mento das cadeias de fornecedores. 10 A reestruturação competi- tiva tem que desfazer-se do entulho institucional do passado ainda existente, além de remover os escombros do desastre petista para ser possível empreender um novo ativismo em direção às oportunidades e desafios do mundo contemporâneo. A reestruturação competitiva é a primeira dimensão de uma nova política industrial mesmo sabendo que a agenda de reformas é usualmente vista apenas por sua importância na defesa do equilíbrio fiscal e da estabilidade macroeconômica. As políticas de curto prazo, em situações de crise, nem sempre se articulam de forma saudável com a estratégia de longo prazo orientada para empreender transformações estruturais. No pós-guerra, elas coincidiram. Hoje, também existe convergência entre os objetivos conjunturais vinculados ao equilíbrio macroeconômico do país e a agenda da reestruturação competitiva. Integração competitiva A integração da estrutura produtiva brasileira às cadeias internacionais de agregação de valor é o objetivo principal que preside a segunda dimensão da política industrial brasileira para o século XXI, velocidade com que as inovações tecnológicas criam e destroem mercados e competências adquiridas fazem com que a certeza da mudança seja a única coisa realmente previsível. 10 Ricardo Tavares: Trazer a política industrial para o século XXI. Em FAP (Fun- dação Astrojildo Pereira), 05/06/2017. 86 Luiz Paulo Vellozo Lucas