competitiva já iniciada no governo Temer no setor de petróleo e
energia. A reforma do sistema financeiro, dos bancos e fundos
públicos e o fortalecimento do mercado de capitais também devem
ser tratados tanto para dar sustentabilidade fiscal ao equilíbrio
macroeconômico quanto para viabilizar a poupança interna e o
investimento produtivo. A fina nceirização e a globalização são
características do mundo dos negócios, no século XXI, e uma nova
política industrial não pode ser mercantilista nem autárquica.
O Brasil não se beneficiou da expansão de cadeias globais de
valor como os países em desenvolvimento que forçaram sua inte-
gração, nos últimos anos, e passaram a se apropriar de uma
parcela maior da renda mundial. Como é sabido, a recaída nacio-
nal desenvolvimentista, promovida nos governos Lula-Dilma, fez
o contrário, incentivou a substituição de importações e o adensa-
mento das cadeias de fornecedores. 10 A reestruturação competi-
tiva tem que desfazer-se do entulho institucional do passado
ainda existente, além de remover os escombros do desastre petista
para ser possível empreender um novo ativismo em direção às
oportunidades e desafios do mundo contemporâneo.
A reestruturação competitiva é a primeira dimensão de uma
nova política industrial mesmo sabendo que a agenda de reformas
é usualmente vista apenas por sua importância na defesa do
equilíbrio fiscal e da estabilidade macroeconômica. As políticas
de curto prazo, em situações de crise, nem sempre se articulam
de forma saudável com a estratégia de longo prazo orientada para
empreender transformações estruturais. No pós-guerra, elas
coincidiram. Hoje, também existe convergência entre os objetivos
conjunturais vinculados ao equilíbrio macroeconômico do país e
a agenda da reestruturação competitiva.
Integração competitiva
A integração da estrutura produtiva brasileira às cadeias
internacionais de agregação de valor é o objetivo principal que
preside a segunda dimensão da política industrial brasileira para
o século XXI, velocidade com que as inovações tecnológicas criam
e destroem mercados e competências adquiridas fazem com que a
certeza da mudança seja a única coisa realmente previsível.
10 Ricardo Tavares: Trazer a política industrial para o século XXI. Em FAP (Fun-
dação Astrojildo Pereira), 05/06/2017.
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Luiz Paulo Vellozo Lucas